sábado, 1 de agosto de 2009
Em breve, novidades!
Primeiramente agradeço pelo índice recorde de visitações, muita gente mesmo lendo meu blog nesses últimos meses!
Esse é um post curtinho para contar novidades. Depois de bater pé por aí, novas portas se abrem a minha frente.
A experiencia por que passei na Steiner não fez morrer o sonho de trabalhar em um navio. Mas em outra empresa mais justa, em outro cargo de salario fixo e justo. E, meus caros, se meu projeto der certo (agora só falta uma última entrevista para a decisão final sair!!) vocês serão convidados a acompanhar as minhas aventuras por ai em um novo blog, com novas histórias, cheio de dicas e sempre primando pelo compromisso com a verdade.
Abram seus horizontes, a Steiner não é a unica empresa que existe. Tenho colegas embarcados pela Steiner que relatam estar ganhando bem menos que o cargo mais inicial da galera da limpeza.
Quem quiser uma boa fonte de informações para achar emprego em uma empresa boa, inclusive endereços de recrutadores das maiores empresas de navios de cruzeiro do mundo, e estiver afim de pagar um pouquinho, pode conferir o site www.workoncruiseships.com . Não estou ganhando nada pela propaganda, sou membro do site e indico porque é bom mesmo. Tem anuncio de vagas e um monte de informações.
E agora é esperar para ver!
Bons ventos nos guiem!
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Nota aos Futuros Steiners e aos Leitores do OceanBlessing
Acredito que muitos de voces estejam supresos com minha desistencia na Steiner. Sei que varios de voces estao de curriculum na mao na fila para uma entrevista, ou fazendo as malas para Londres.
Quando comecei este blog, firmei um compromisso de contar em detalhes cada passo da minha jornada. Que meus escritos servissem como guia para quem fosse tracar a mesma jornada, e acredito que atingi esse objetivo, de acordo com os preciosos comentarios deixados por voces e pelas varias pessoas que ja me conhecem apenas por ter lido meu blog, como aconteceu em Londres.
E mantendo esse compromisso com a verdade nos minimos detalhes, contei a voces minha experiencia em Londres, nao com o objetivo de desestimular ninguem ou afetar a empresa, mas como um aviso, um chamado a realidade. Assim como eu, tenho certeza de que muitos ai fora assistiram a palestra dada na ocasiao da entrevista, onde um quadro de sonhos e dinheiro e pintado para cada um que passar no processo seletivo. Saem de la sonhando com Londres, com o navio, com viagens e muito dinheiro.
E quem for encarar de verdade trabalhar na Steiner deve ir sabendo a realidade do treinamento em Londres, que nao e nenhum paraiso. E apos sobreviver a Londres, ainda incomoda a incerteza de quanto dinheiro voce vai ganhar. Pode ser muito, pode ser pouco, ninguem sabe.
Comparando a Steiner com outras empresas como a Royal Caribbean, ficam muitos pontos de interrogacao para tras. Um funcionario da Royal, por exemplo, trabalha 5, 6 meses, tem salario fixo e bem alto dependendo da posicao (a galera do entretenimento fatura uns 1500 dolares mensais, limpinhos), pode ate ter menos folga que o pessoal da Steiner, mas acredito que tenha muito menos despesas.
Entao, meus queridos, se voces querem ir com a Steiner, vao em frente, mas vao sabendo. Para mim, o verdadeiro estilo da Steiner que me foi revelado em Londres foi um verdadeiro choque. Passamos de "tudo bom, tudo bem, arrume suas malas, viaje o mundo, ganhe pra isso" para "voce faz o que eu mando, do jeito que eu mandar, ou vai embora para casa".
Entao fica aqui minha critica. Nao quero desmotivar ninguem, apenas abrir alguns olhos. O melhor a fazer e ir la e experienciar tudo isso voce mesmo, e tirar suas conclusoes. Pois toda experiencia e valida para um aprendizado, e o que ficou em mim de mais valioso foram os amigos
que fiz no caminho, e que nunca esquecerei. Desej-lhes muita sorte e forca, e que a gente ainda se encontre por esses mares.
Aos meus leitores e futuros tripulantes, que meu blog continue servindo de guia de referencia, tira-duvidas e tudo mais. Estarei sempre disponivel para seus comentarios e questoes. Agradeco a "audiencia".
Bons ventos os guiem!
Steiner London - Final - "Fly Away From Here"
E toda aquela atmosfera opressiva da Steiner, combinada com um certo grau de indignacao, depressao e saudade dos meus queridos que deixei pra tras em casa tornou-se uma combinacao explosiva.
No dia que seria meu ultimo na Steiner, estava nublado e frio. A cada intervalo para o cafe, eu sentia menos vontade de voltar para a sala de aula. Estava dificil prestar atencao. Um no na garganta, o sorriso, se necessario, era o mais falso de todos.
E tudo terminou muito rapido. Minha treinadora olha para mim no meio de uma explicacao e pergunta se eu estou bem. Nao estava bem, estava quase chorando. E nao costumo ser assim.
Disse que nao estava muito bem, pedi para ir ao banheiro, ela deixou. Mas entao ela pediu licenca para a turma e veio comigo. Perguntou o que estava errado.
Entao veio a tsunami de dentro de mim, aquele monte de emocoes explodiu, transbordou, e nao havia nada mais que o represasse. Ela me ofereceu lencos de papel, esperou ate que eu conseguisse falar. E mostrando um grau de paciencia e compreensao raramente visto na Steiner, eu e minha treinadora concordamos que o melhor a fazer era eu voltar para casa. Ela teceu alguns discretos elogios, dizendo que eu era inteligente e capaz de fazer o trabalho de recepcao, mas nada disso adiantava se eu nao estivesse pronta para partir no navio. E completou a fala, dizendo que se eu quisesse retornar ano que vem e tentar de novo, as portas estariam abertas. Agradeci entre solucos, e depois dos procedimentos legais e papelada, voltei a sala para apanhar meus pertences, e minhas queridas colegas todas me olharam com ar de apreensao. Sem conseguir falar direito ainda, agradeci a companhia de todas elas e desejei sorte, e disse que estava indo embora, que nao estava dando certo. Agradeci a Tracy e sai.
Aquele rio feroz ainda corria em mim, mas a tempestade parecia estar passando a medida em que eu caminhava pela calcada para longe da Steiner. E cada passo era um tantinho mais de alivio.
Peguei o onibus sozinha de volta a YMCA, mas agora com a certeza de que sairia logo dali.
Deram-me 24h para sair da YMCA, ou seja, tinha uma noite para arranjar uma passagem de volta. Eu ja tinha uma passagem da Delta Airlines comprada de volta a Ohio, mas para o mes de janeiro. Liguei para o meu namorado em Ohio e o surpreendi. Disse que estava voltando para os EUA, que nao deu certo na Steiner. Ele fez mil perguntas, eu so conseguia dizer "quero sair daqui". Entao ele adiantou minha passagem de volta para o dia seguinte. Mais alguns telefonemas - casa, taxi para o aeroporto - e estava feito. Fiz minhas malas com grande satisfacao, so queria sair dali.
Na hora da janta, acho que algo em mim queria ficar sozinho sem falar com ninguem. Mas sabe o que dizem, amigos de verdade aparecem quando a gente nem sabe que precisa deles. Eu tinha sentado na menor mesinha do refeitorio, mas nao interessou. Andre, Maria Teresa, Gisele, Tino, todos se amontoaram ao redor da mesa, e conversamos por um bom tempo. E foi bom, foi uma energia positiva, e eu com minha saida tinha medo que eles se desestimulassem, espero que nao.
Um contraste ironico se passava naquele dia - enquanto eu ia para casa, varias pessoas receberam as informacoes sobre os navios para onde iriam em poucos dias, assim como a Maria Teresa.
O treinamento da Steiner nao e pra qualquer um. Tem que ser forte emocionalmente e engolir tudo o que ha de errado naquele lugar. Tem que aceitar ser mandado, tem que aceitar pressoes de todos os tipos, inclusive psicologica, e ter muita forca de vontade, e precisar desse emprego desesperadamente. Talvez me falte alguns desses requisitos, nao sei, mas nao me arrependo.
Fiquei feliz em ver varias pessoas sendo enviadas para seus navios, e a quem ainda resiste na academia, desejo muita forca e sucesso.
E eu, depois de encontrar muitos amigos no restaurante, recolhi-me ao meu "cubiculo" pela ultima vez, terminei de arrumar as minhas coisas e fui deitar, cedo ainda, so querendo que a madrugada chegasse logo, pois as 5h da manha eu estaria de pe fazendo o check-out.
No dia seguinte, decolar de Gatwick foi uma sensacao de alivio incomensuravel. Ver aquele 767 levantando voo e deixando Londres pra tras foi muito bom. E assim como acontecia dentro de mim, deixamos as nuvens para tras, e o sol comecou a brilhar outra vez.
E quando pousei em Cincinatti horas depois, ja me sentia em casa outra vez. Tudo bem que minha casa e no Brasil, mas aqui tambem e uma extensao do meu lar. E fazia calor, o sol brilhava. A comissaria de bordo anunciava, "and for those whose final destination is this city, welcome home.". Welcome home...
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Steiner London Parte 3 - "Sim senhor, Senhor!" - Marchando com o Exercito de Branco
Minha critica reside no fato de a verdadeira realidade do treinamento ter sido deixada em segundo plano aos futuros Steiners. Ninguem nunca me falou da pressao sobrehumana que aqueles instrutores depositam sobre cada um. Ninguem nunca me falou da pilha de papel a ser digerida de um dia para o outro. E ainda fosse so trabalho, isso nao me assustava.
Mas de alguma forma, a "pedagogia" da Steiner Academy conseguia desmotivar muita gente, transformando voce em um ser pequenininho que so faz o que eles mandam ou e mandad0 para casa.
Olha eu ja trabalhei sobre pressao, ja tive quantidades enormes de trabalho e jornadas de lavoro e estudo que combinadas duravam 12h, ate mais. A diferenca entre o que eu estava passando no treinamento e a minha experiencia e que, ao contrario do que me parece acontecer na Steiner, eu sempre trabalhei em equipe. Voce me ajuda, eu te ajudo, a gente faz junto, se errar tudo bem, errando e que se aprende. Ja trabalhei em escolas, restaurantes, vi coordenadores pedagogicos saindo do escritorio para ajudar os professores a pendurar baloes, vi gerentes de restaurante carregando caixas e tirando po junto com os garcons, e coisas assim. E nem por isso havia menos respeito, e nem por isso o pessoal era menos qualificado.
Na Steiner, o negocio nao me pareceu ser trabalho em equipe, mas sim no esquema "eu-mando-voces-obedecem-ou-rua". Chegar 3 minutos atrasado na sala pode significar algum tipo de reprimenda ou humiliacao na frente dos colegas. Vi isso acontecer no segundo dia com um grupo de meninas, que adentraram a sala silenciosamente durante a chamada, e levaram uma rosnada da treinadora por estarem fazendo barulho com os cadernos - "You're late and your being loud!"
Para as recepcionistas, nao tenho criticas severas a nossa treinadora. Ela foi legal com a gente em varios momentos, mas seguia a politica quase nazista da Steiner, entao o problema no meu caso nao era a treinadora, mas a empresa. Havia quase uma inspecao diaria dos nossos cabelos e maquiagem - "you have to look your best" era o refrao repetido mil vezes.
Meninas, esquecam as presilhas, tic-tacs, piranhas, redes de cabelo, pregadores e sei la mais o que. Nao pode, nao pode, nao pode. Ou voce prende em rabo de cavalo e disfarca o elastico fazendo um penteado esquisito, ou compra aqueles bagulhos com cabelo artificial, ou enche a cabeca de grampos que nem a vovo usa. Programar uma meia hora de manha so pra fazer o cabelo vai ser parte da sua rotina.
E maquiagem, quilos e quilos. Quanto mais perua-baranga melhor. Nada de tons de pele. Eles acham lindo uma sombra verde-limao com batonzao vermelho-cereja e esperam que voce esteja sempre assim.
No meu terceiro dia, eu ja era uma pessoa diferente de quando cheguei no sabado anterior. Pisava cuidadosamente para nao quebrar ovos, ou por meu pe no lugar errado. O jeito engracado e animado dos brasileiros vai sendo substituido pela rigidez e seriedade britanica. A gente ate tentava fazer uma brincadeira, muitas vezes a brincadeira parecia um deboche ou ofensa, era tomada de forma negativa, e ninguem ria.
O uniforme, a maquiagem, o cabelo, me olhava no espelho e nao via a mim, mas a um produto da Steiner, do jeito deles. Diversas vezes por dia tentava sacudir a poeira, dizer vamos nessa, mais um dia, so mais um dia. Depois a gente acostuma. E so o comeco. Depois acostuma.
Recepcionistas tem que estar sempre sorridentes, mas eu nao conseguia muito alem de um sorriso falso. Nao tinha vontade de sorrir, tudo parecia tao opressivo e sufocante. Tentava ser positiva, achar forcas, mas estranhamente, retornar para a aula apos nossos intervalinhos de 15 min para o cafe tornava-se mais e mais dificil.
Aos poucos, a unica coisa boa na Steiner eram os amigos que fiz. De todos os cantos do mundo, vinham e perguntavam como voce esta. Alguem se importa, alguem quer que voce aguente firme, e continue. Essa era minha forca. (com cedilha, esse computador nao tem cedilha nem acentos, ta!)
E o meu Red Bull diario era reencontrar o pessoal no cafe da manha e na janta, a bagunca da galera brasileira (embora um tanto mais contida agora), foi isso que me manteve la durante aqueles dias.
Porque a rotina era dura. Acordar as 6h da manha, passar uma meia hora fazendo cabelo e maquiagem, passar o uniforme, pegar as coisas e descer para o cafe, encontrar o pessoal mas pouca conversa, o cafe da manha tinha de ser aspirado rapidinho pois o onibus iria passar, e se perdessemos o dito cujo, estavamos fritos. Sair correndo, la fora um frio do caramba, as vezes com vento e chuva, e a gente de uniforme de manga curta e tornozelos de fora, embrulhadas apenas num casacao que depois teriamos que tirar para entrar na sala de aula.
No onibus, todo mundo estudando, tentando digerir aquelas quantidades enormes de informacao. Rapidinho chegavamos, comecei a pegar aversao pela tal de Uxbridge Road.
Uma corrida ate a frente da Steiner, mais frio e vento. Varias vezes tivemos que ficar esperando la fora ate que alguem abrisse a porta. E a porta, uma vez aberta, abria espaco para mais preocupacoes, ansiedade, e para mim, significava tambem entrar mais uma vez naquela atmosfera escura e pesada que pairava por aquele labirinto de paredes brancas e limpeza impecavel.
Um intervalinho pela manha para um lanche rapido, mais tarde, uma hora de almoco, e mais tarde, outro intervalinho. Leve seu lanche, ou compre da cafeteria deles. Eu ate gostava da cafeteria, a menina que atende e simpatica e as coisas ate que sao baratas, mas nao enchem barriga. E se voce nao tem seu proprio lanche, nao tem outra escolha. Em volta da Steiner, so tem mato e estradinhas que voce nao sabe onde vao dar. Em algum lugar a uns 10 min de caminhada tem uma lojinha, um posto de gasolina, sei la, voce nao vai ter tempo de ver, mesmo.
E se voce sobreviveu ao dia, ainda tem mais. Terminadas as aulas, eh hora da limpeza. Sim, senhor. Limpeza. Cada um dos alunos e obrigado a limpar ao menos sua sala. A galera da recepcao limpava a sala onde ficavamos, do chao as janelas. Tirar lixo, fazer lavanderia, varrer, o pacote todo. Sei que outros alunos eram escalados para limpar o resto do predio, ate os chuveiros, e nao tenho certeza mas acho que ate os banheiros. (Isso os recrutadores nao contam na entrevista ne!? E voce ja assinou um papel dizendo que concorda com limpar as instalacoes do SPA...)
Terminada a limpeza, ainda nao pode ir embora. Todos descem para a cafeteria e aguardam que um treinador venha e libere todo mundo. Que nem no colegio, la no ensino medio. Para mim, a cereja no doce. O fim da picada. O cumulo dos cumulos. Uma clara demonstracao de poder e manipulacao sobre cada um de nos. Voce faz o que eu mando, e apenas o que eu mando. Voces vao embora quando eu achar que podem. E se nao for assim, a porta da rua e serventia da casa.
Uma vez autorizada nossa saida, uma imagem um tanto surreal e por vezes, divertida. Os jardins da Steiner eram tomados por um exercito de branco que marchava junto ate a parada de onibus, tomando as estreitas calcadas de Harrow Weald e lotando os onibus vermelhos double-decker.
Na multidao, identificava rostos conhecidos, havia um certo alivio em muitas daquelas faces, mas nunca por completo. Na volta, alguns conversavam, outros estudavam, outros como eu apenas olhavam longe pela janela desejando estar em outro lugar. Perguntando-se se era melhor desisitr, tentando achar forcas para continuar.
E eu nao me acostumava com nada daquilo, na viagem de volta, eu sempre tinha vontade de chorar, de desistir, pegar um aviao e sair daquele lugar. Mas continuava caminhando.
O onibus anuncia Watford High Street, hora de descer. Agora o exercito de branco se espalhava pelas ruas. Nao era nem 18h, todas as lojas estavam fechadas. Ate o Burguer King. Na YMCA, a janta terminava as 19h. Entao o negocio era correr.
Deixava meus colegas para tras e apertava o passo, largava minhas coisas no quarto, trocava de roupa e ia jantar. As vezes eu chegava e ia direto jantar. Um alivio rever o pessoal, conversar sobre o dia, mandar a mer** as regras e ate falar em portugues. Comida ruim. Ou tinha pimenta de derreter o prato, ou nao tinha gosto. Oferecem quatro pratos quentes, voce so pode comer dois. Que nem crianca - ou bala ou pirulito. Mas quando a fome bate, voce come, nao interessa. A sopa ate que era bem boa. A janta e mais tranquila, da tempo de uma conversa com a galera.
Depois eu subia para meu cubiculo, rapidinho, e pegava o laptop. Todos faziam isso.
Na sala perto do restaurante tem internet wireless de graca, e so conectar. Se voce nao tem computador, eles tem umas carrocas velhas la que da pra usar por 20 min por vez. Entao depois da janta era sempre hora de falar com a familia, amigos, colocar fotos no orkut. Todo mundo querendo saber como estava o treinamento, eu nunca tinha muita coisa pra dizer.
E com o passar dos dias, a "hora-internet" era cada vez mais curta. Era preciso fazer "o tema de casa", que nao era pouco. Eu me confinava no meu quartinho com minhas colegas de quarto, todas estudando. Ignorar o cansaco, fazer render as poucas horas livres que voce tem. Tomar banho era um desafio, o chuveiro em condicoes suspeitas era do tamanho de uma caixa de sapato e nao tinha agua quente depois de uma certa hora da noite, nem de manha cedo. Cerca de 23h, iamos dormir, para acordar as 6h da manha no outro dia e fazer tudo de novo.
Havia horas em que aquilo tudo me sufocava, e meu unico alivio era dormir e sonhar que estava em outro lugar.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Steiner London - Parte 2 - Induction Day
Entao vai com a galera! O cafe da manha (e como eu aprenderia depois, a maioria das refeicoes) nao e feito para ser degustado. Apenas ingerido. Alem de a culinaria inglesa ter la sua fama (a comida eh ruim mesmo!), nao ha tempo para cafezinhos na frente da TV. Entao simplesmente engulo meu desjejum matinal e saio deitando os cabelos para a parada de onibus.
A parada fica bem na frente da YMCA, voce pega o onibus que se chama 258 to South Harrow. Sim, daqueles vermelhoes de dois andares. E o bicho fala. Cada vez que algum vivente sobe, voce escuta, "two-five-eight, to South Harrow". Mas nao tem como se perder. Vai aproveitando o passeio e toca a campainha quando voce ouvir "Uxbridge Road". Ali fica a Steiner Academy.
Mas tem sempre uma galera, entao e so seguir o pessoal.
Chegamos na Steiner, nao certos sobre como se comportar. Todo mundo arrumadinho, bastante tenso, curioso, as emocoes se misturavam. O jardim da Steiner em principio tem sua beleza, mas suas formas tao rigidas e controladas tornavam aquele lugar estranhamente incomodo. O mesmo era verdadeiro para a propria mansao onde fica a Steiner. Tudo certinho demais.
O primeiro dia foi facil, comparando com o que estava para vir. E ja cheguei me estressando - tinha que pagar a taxa de 275 pounds, e meu banco fez o favor de resolver complicar minha vida - so tinha 200 pounds na mao. Catei na bolsa, achei mais 45 pounds. Cheguei para o pessoal do administrativo e relatei o problema, perguntei se seria possivel o pagamento da quantia restante ser feito durante a semana. A resposta? Um olhar frio de renguear cuzco, e a sentenca - "Venha ao meu escritorio amanha e me diga quando vais ter o dinheiro, e nos vamos ver se voce vai ficar no treinamento." Essas foram as boas-vindas no bom estilo Steiner.
O que aconteceu? Me mexi, fui pedindo que nem mendigo pros colegas e arrumei os 30 pounds restantes. Ufa! Tudo certo.
Levem uma boa pasta. Papel e poligrafo eh o que nao faltara. Ja no primeiro dia saimos soterrados. O primeiro dia, alem da entrega dos documentos, papelada, exames medicos, grana, uniformes, etc etc, e tambem o dia em que a chefe do treinamento, Penny, faz uma palestrinha dando uma geral sobre a Steiner. Logo nos primeiros dias tem prova.
E ja estava me irritando - a tatica na Steiner era ameacar de mandar pra casa caso nao fizessemos as coisas do jeito deles. Voce vai ouvir isso muitas vezes. Nem sempre e serio, mas todo mundo acredita. E acontece - vi gente ser mandada embora mesmo.
O primeiro dia foi tranquilo, mas aquela sensacao de desconforto continuava em mim. Uma energia pesada pairava naquele lugar, nao sei. Os veteranos do treinamento, ninguem sorria. Perguntados sobre como estava indo o treinamento, todos respondiam um fraquinho "It's alright." Mas ja que estamos aqui, vamos nessa.
domingo, 17 de maio de 2009
London (there and back) - Sobre o treinamento na Steiner parte 1
Fazia sol em Londres e todo mundo dirigindo do lado errado da estrada (que pra eles e certo!). O lado que vem, vai. O lado que vai, vem. E nem se fala no motorista do lado virado do carro. Cheguei, e a hora Steiner se aproximava.
Podia ter pego trem, onibus, alternativas economicas. Mas eu me conheco, depois de horas num aviao, nao estava muito afim de me perder no metro de Londres com minhas malas com alca e sem rodinha. Vou de ta-xi, ce sabeee....
Entao chegamos a Watford. La, fica o nosso alojamento, a YMCA. Os arredores me lembravam o centro de Porto Alegre em suas cores cinzas e em sua dinamica. O predio, porem, e bem localizado perto das linhas de onibus e cercado por um shopping e muito comercio. Territorio dos alunos da Steiner, claro. La, ha andares inteiros reservados para "os Steiners".
Entao cheguei no meu quarto. Fui sorteada com o menor quarto da YMCA aparentemente. Do tamanho de um corredor, acumulava dois beliches, quatro pessoas, nenhum roupeiro. Alem de uma pia e uns espelhos e muita bagagem espalhada pelos cantos, nada mais havia la dentro de interessante. Limpinho, ate decente, mas meio claustrofobico. Banheiro coletivo, chuveiro tambem, condicoes meio suspeitas. Arrumei minhas coisas do jeito que deu, ainda me sentindo um pouco deprimida, pois odeio despedidas, e ha algumas que doem mais que outras. Mas estava feito, era encarar e seguir em frente no desafio.
Meu treinamento so comecaria na segunda, e isso era um sabado. Cheguei antes pra me acostumar com o fuso horario de 5h na frente do nosso, e conhecer o lugar e a galera. O predio vazio, estavam todos na aula, na Steiner. Dei-me conta de como e dificil o inicio, mas tambem quao importante sao os amigos.
Mais tarde, na hora da janta, fui aos poucos reencontrando minha galera. Andre, Maria Teresa, estavam todos la, felizes em me rever, e foi muito bom ve-los, mesmo. Conheci outros brasileiros que ja me conheciam so pelo blog. Juntou uma turma no restaurante, foi o que precisava para eu me animar. Ate rolou programacao para o dia seguinte - glorioso colega, Tino, ofereceu-se de guia para conhecermos o centro de Londres e seus marcos historicos.
E talvez aquele domingo tenha sido o melhor dia que tive la. Caminhamos por Picadilly Circus, andamos no famoso metro de Londres, perambulamos pelos arredores do Palacio de Buckinhgam com direito a assistir a troca da guarda.
Nao imaginava o tamanho da torre de babel que se acumula em volta do palacio toda vez que ocorre a troca da guarda. Milhares de pessoas de todos os cantos do mundo se amontoam para ver os guardas da rainha e suas roupas engracadas marchando esquisito. E la estava eu!
De inicio e muito legal, voce enxerga a tropa chegando e tocando musica, marchando, entrando no palacio. Depois fica chato (risos!), eles so ficam la parados um tempao, tocam umas musiquinhas e...o que acontece depois eu nao quis saber pois tanto eu quanto o Tino e minha colega da Africa do Sul, Monica, ja estavamos cansados e entediados e afim de deitar o cabelo.
Proxima parada, Big Ben. Eu achava que o benhe era maior do que me pareceu, mais ainda assim foi muito, muito legal ver esse cartao postal ao vivo. A Abadia de Westminister, a Ponte sobre o Rio Tamisa, e do outro lado, a moderna London Eye. Bem coisa de turista...
Caminhando por baixo da London Eye, eu parecia que estava babando. O Tino me cutuca o ombro e diz, "Lauren, tira foto...tu ta hipnotizada ai!" =))
Um almoco rapido numa loja do Subway e seguimos para encontrar uma amiga do Tino. Juntos, todos fomos ao lugar mais pirado de Londres. Uma mistura ecletica de hippies e punks cada um com sua lojinha de artigos variados, tudo na paz. Desde perucas, espartilhos, piercings ate comida brasileira. Compra-se de tudo la. Foi um contraste interessante visitar a Londres formal e pomposa, e a Londres hippie-punk e maluca. Curioso? Entao va ate esse lugar chamado Camden Town. E divirta-se!
A galera exasuta de tanto caminhar, era hora de voltar, com direito aqueles buses vermelhos de dois andares.
Entao mais uma licao do "English Way of Life" ~ dia de semana, principalmente, tudo fecha as 5h da tarde, por ai. Ate o Burguer King. E a janta na YMCA e ate as 19h. Se voce perder um ou outro horario, fica de barriga vazia. Eu e a Monica chegamos na YMCA as 19h30, com fome. Fomos parar num McDonald`s que estava quase fechando. Nunca um BigMac sentou tao bem na barriga.
Entao ta, fechava-se assim um grande domingo em Londres. No dia seguinte, a iniciacao na Steiner. Tchan-tchan-tchan tchan....esperar para ver.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Embarcar no vôo da sua vida (Sobre o treinamento em Londres e a grana!)
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Sem Medo de Injeção! - Vacinas necessárias para o treinamento em Londres
Galera, vacinem-se. Mas nem por isso paguem uma fortuna pelas agulhadas. De acordo com o que informa a Steiner, nós futuros "Steiners" precisamos tomar a vacina da febre amarela, da rubeola, sarampo e caxumba. Se você manteve sua carteira de vacinação em dia quando era criança, provavelmente já tomou a vacina do sarampo e várias outras.
Mas se não tomou, não lembra, perdeu a carteira, sem pânico! Vacina não faz mal, se precisar tomar de novo, não tem problema. E o melhor - é de graça. Nada dessas clínicas particulares...tem uma aqui em Porto Alegre que cobra 100 reais pela vacina da febre amarela.
Vá a um Posto de Saude. Procure o posto de saúde do bairro ou região onde você mora e explique seu caso, diga quais as vacinas que você precisa. Todos nós temos direito de receber vacina do governo, e de graça.
Eu fiz isso, fui até o posto aqui do meu bairro, disse que precisava tomar vacina pois iria viajar, e sem demora eu já estava aguardando a minha vez de entrar na agulha. Nem precisei preencher ficha ou esperar na fila muito tempo, foi só chegar lá e pedir as vacinas. Aplicaram-me a M.M.R. e a vacina da Febre Amarela, uma em cada braço, de uma só vez. A Febre Amarela foi a que doeu mais (heheh). Depois carimbaram minha carteirinha e estava feito. Resolvi o problema e não gastei um tostão.
Depois, precisando ou não, achei melhor garantir para o futuro caso eu viesse a precisar, e resolvi providenciar minha carteira internacional de vacinação. Também foi de graça, só me custou sola de sapato. Pra quem quiser fazer a sua, funciona assim:
Procura o posto da ANVISA na tua cidade. Geralmente tem nos portos, aeroportos e postos de fronteira. Aqui em Porto Alegre, tem um no Cais do Porto e outro no Aeroporto Salgado Filho.
Eu fui no Cais do Porto. Aquele lugar me dá arrepios, parece até mal-assombrado. Ainda por cima estava nublado =) Para quem conhece ou não, é fácil chegar. Alí na Av. Mauá tem aquele portão por onde a gente entra quando vai fazer o passeio de barco do Cisne Branco. É só entrar lá e ir caminhando para a direita, até o fim. Tem um último armazém que fica perto de uma doca, logo se vê uma plaquinha da Anvisa, é ali.
Precisa levar tua carteira de vacinação e um documento de identidade com foto. Eles fazem um cadastro e logo imprimem teu documento. Eles geralmente só emitem o certificado de vacinação internacional da Febre Amarela, mas se você pedir com jeitinho eles te conseguem de outras vacinas também.
E com tudo na mão, é missão cumprida. Não tem mistério, gente. Procurem os postos de saúde e só gastem com clinicas particulares se por acaso não conseguirem se vacinar nos postos.
Vale lembrar que em Londres, caso seja necessária alguma vacina que não estava no "script", a Steiner fornece, mas já é bom adiantar tudo por aqui.
Só não vale ter medo de agulha.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Expedição São Paulo - Parte 2 - A entrevista
Expedição São Paulo - Em busca do Visto Americano! Parte 1 - Documentos necessários
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Rio De Janeiro - Ultima Parte - Praia e Saudades!
Enquanto o sol dava seu espetáculo, subimos no Arpoador para uma vista de tirar o fôlego do vivente! De um lado, uma vista da praia de Ipanema inteirinha, com uma perspectiva praticamente de dentro do mar olhando para a beira. Do outro lado, o oceano e um pedacinho da praia de Copacabana, e o Corcovado. E o sol, pintando tudo de dourado. Foi de fazer inveja a qualquer porto alegrense!
Cruzando a praça Garota de Ipanema, caminhamos algumas quadras e chegamos à tão famosa praia de Copacabana. Já era noite, e as luzes da cidade iluminavam o oceano. Todos pararam para apertar a mão do Dorival Caymmi de bronze e sentaram ao lado do Carlos Drummond para uma foto. Rodamos (a pé!) bastante para achar um lugar onde jantar. Como se pode imaginar, os preços dos restaurantes na beira-mar são, ironicamente, salgados. Mas o passeio valeu a pena e o cansaço nos pés!
Mas nosso tempo no Rio de Janeiro estava chegando ao fim. Aos poucos, o pessoal começou a voltar para casa. A Sandra foi a primeira a voltar para São Paulo, em 17/1. Depois, no dia seguinte, o Flávio veio para Porto Alegre de manhã. No final da tarde do mesmo dia, eu também fiz as malas e parti. Maria Teresa e Ana Letícia espicharam a estadia para mais uma noite, e voltaram no dia 19.
Decolar do Galeão foi muito legal, uma das decolagens mais bonitas que fiz. Do avião da Gol, espichei os olhos para ter uma vista aérea da baía de Guanabara, com o Cristo e o Corcovado e água refletindo um céu azul. Um transatlântico passeava pelas voltas da praia, como um lembrete do meu iminente destino.
Prometemos nos encontrar no Rio de Janeiro após terminarmos nossos primeiros contratos com a Steiner. Enquanto isso, fica a saudade dos amigos que fiz e dos lugares que visitei. Agora, minha próxima parada é a entrevista no consulado americano em São Paulo. Vamos ver no que dá!
Abraço a todos!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Rio de Janeiro Parte 4 - Praia (Navio a vista!)
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Rio de Janeiro Parte 3 - STCW Aula Prática
Nossa primeira parada foi em uma escola de comissários de bordo. Lá, faríamos a aula prática sobre incêndio. Chegamos e encontramos vários latões, enfileirados e cortados ao meio. Eles foram encharcados em combustível e... fogaréu! Dava para sentir o calor de longe. Aprendemos como manusear um extintor de incêndio de CO² e de Pó Químico. E depois, era combate ao incêndio - cada um teve de se aproximar e dar uma baforada de extintor no fogo, e recuar, para que todos pudessem participar. Isso se repetia até o fogo apagar. Depois, foi o "ensaio da mangueira", mas nada de carnaval. Com uma mangueira de incêndio, treinamos a técnica de apagar incêndios regulando a mangueira para neblina ou jato. Foi muito legal. Ai está o Comandante demonstrando a técnica para o pessoal.
Depois de um lanche na cafeteria (por conta do curso), a galera suando em bicas estava louca por uma piscina. E, na nossa segunda parada, piscina era o que não faltava. Fomos levados até um complexo de treinamento da Marinha. Depois de nos trocarmos e levarmos uma chuveirada, era hora de pular na agua.
Um lado da piscina era raso de poder sentar no chão. O outro, bem, não se enxergava o fundo. Nem quis saber a profundidade. Acima, havia instalações para salto, trampolins e coisas do tipo, alguns muito altos. Aquele do qual saltaríamos tinha uns 3 metros de altura. A missão era saltar de colete salva vidas, nadar até o bote e subir nele. Os mais corajosos foram primeiro - tchibuuum! Na foto, meus colegas Flávio e Maria Teresa.
Dai chegou minha vez. Eu não tenho medo de altura, mas nem queria saber o que aconteceria quando eu chegasse na água. Colete salva-vidas a postos, dei um passo a frente e pulei. A queda de três metros parecia ter uns 30 metros na verdade, pois não terminava nunca. Foi muito estranho! E como era de se prever, não sei o que fiz de errado que acabei levando um caldo desgraçado e engoli quase toda a água da piscina. Voltei à tona tossindo que nem louca, meio em pânico e sem conseguir respirar direito. Se o Comandante não infartou dessa vez, tem coração de ferro. Só vi ele de colete voando até a piscina para me resgatar. Me rebocou para a parte rasa e disse que eu poderia ficar lá, que não precisava fazer o resto. Mas, entre uma tosse e outra, disse que gostaria de fazer a parte da balsa (afinal, não tomei um caldo de graça!) Então, deixei que o colete fizesse seu serviço e me virasse de barriga para cima e fui nadando de costas até a balsa. A entrada naquela rosquinha de borracha inflada nunca é elegante - devo ter caido por cima dos meus colegas. Passar alguns minutos ali com aquela gente toda apertada foi estranho, imagino passar um dia inteiro no mar assim! Na foto, meus dois colegas na balsa.
Depois, todos saímos da balsa e passamos os coletes à proxima turma. Claro, todo mundo veio me perguntar se eu estava bem. Uma coisa é certa - fui a única que não ficou desidratada depois de passar algumas horas na piscina. =))
Já me perguntaram se a parte prática é feita no mar, respondo que não. Na piscina já é um desafio bem realista, só falta as ondas. Talvez, pudessemos visitar uma embarcação de verdade, mas isso já é outra história.
Após nos trocarmos, voltamos à RioShip. Almoço feito, fomos fazer a prova final. Trinta questões sobre o que vimos no curso. Quem ia terminando entregava a prova ao Comandante, que corrigia ali mesmo. Quem atingisse 18 pontos já recebia o atestado e o certificado para assinar. O atestado você já leva para casa. O certificado vai dar um passeio na Marinha do Brasil para receber uns carimbos e te é enviado pelo correio.
Gostei do curso, e mais ainda de conhecer outros colegas da Steiner e de outras empresas. A RS0209 foi, com certeza, uma turminha muito legal!
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Rio de Janeiro Parte 2 - Curso STCW na RioShip
A turma reunida, fomos levados até o auditório da Casa do Estudante, que fica bem próximo dali. Nossa turma era grande, e a sala da RioShip ficaria muito pequena.
Recebemos nossas apostilas de treinamento e fomos apresentados ao ilustríssimo Comandante Dirceu, nosso instrutor para a turma RioShip 0209. Nossas aulas seguiriam a mesma rotina nos três primeiros dias - inciavam às 9h da manhã, uma parada para o lanche no meio da manhã (lanche esse por conta do curso - refrigerante e torradas de queijo que apelidei de Teodoro Gordurinhas, e deixo para você imaginar o porquê do apelido). Por volta das 12h30, uma hora de almoço, daí cada um se vira. Demoramos para acertar, mas eu e minha galera descobrimos um restaurante a kilo bem decente do outro lado da rua.
Durante o curso, recebemos noções basicas de tudo, desde arte naval e construção de navios até primeiros socorros. O Comandante Dirceu, aposentado da Marinha do Brasil, é bom conhecedor de vários assuntos pertinentes à vida a bordo. Acostumado a comandar navios militares, relatou estar viajando como passageiro em navios de cruzeiro para aprender mais sobre o assunto.
Lá pelo meio da tarde, parada para o lanche com café e biscoitos. Por mim, se os intervalos fossem reduzidos, a gente terminava mais rápido, mas tudo bem. Lá pelas 17h30, 18h, éramos liberados. Daí era hora de passear pelo Rio!
Durante os três primeiros dias de aula, seguimos essa rotina, e no dia seguinte sempre havia um teste diagnóstico (uma "provinha"!) para ver como a gente estava se saíndo no curso, mas nada de horrível. Mas tem que estudar um pouquinho, anotar, prestar atenção. É fácil se distrair com toda a atmosfera do Rio e com a baita vista que se têm da escola, da qual se enxerga o porto e a ponte Rio-Niterói, e a baía lotada de navios. E vale a pena!
Rio de Janeiro Parte 1 - A chegada ao hostel
O mais legal é que ali há um ambiente parecido com o navio - em um espaço limitado, você convive com pessoas de diversas nacionalidades. Tem mais estrangeiro que brasileiro, na verdade. Conheci gente dos EUA, Reino Unido, França, Espanha, Canadá, Israel, Argentina e por aí vai. O pessoal é muito honesto e de respeito, ninguém pega o que não é seu ou faz malandragem, então depois do primeiro dia, você esquece de trancar as coisas ou cuidar onde deixou a bolsa, pois ninguém mexe. Mas, mesmo assim, cada um recebe um armario com chave, só pra garantir.
O Rio Hostel fica a uns 20 minutos a pé do local onde acontece o curso, na RioShip (Av. Franklin Roosevelt, 71). Dá pra ir a pé e conhecer a cidade. Fica pertinho da Lapa e de seus famosos Arcos, e das ainda mais famosas noites da Lapa. =))
Chegamos tarde no Galeão; lá, já nos esperava há algumas horas a colega Maria Teresa, que havia pego um vôo mais cedo e nos encontraria no aeroporto. Então, pegamos um táxi para o hostel.
Dica: venham preparado$. Os táxis do aeroporto são pré-pagos - há um guiché na saída da sala de desembarque, onde você informa seu destino e eles calculam o valor, e você paga ali mesmo. Depois é só mostrar o comprovante para o motorista e seguir feliz.
Apesar de uma blitz com policiais mal-encarados segurando metralhadoras enormes e uma subida assustadora por ruelas mal iluminadas com indivíduos suspeitos, tudo na calada da noite, chegamos bem ao hostel, e na manhã seguinte, veríamos que o bairro Santa Teresa nem era tão ruim assim. Parece cidade do interior - basicamente residencial, conta com uma vista muito bonita do centro da cidade, e há antigos casarões por toda a parte. E Deus! Como estava quente! Passava da meia-noite e parecia que ainda fazia 30 graus.
Na manhã seguinte, tomamos café cedinho e fomos saíndo pelas ruas a fim de descobrir como chegar até a RioShip. A caminhada no google maps parecia menor do que realmente foi. Mas adorei ver cantinhos do Rio muito bonitos, estátuas barrocas por toda a parte e altos prédios. E passar por baixo dos velhos arcos da Lapa, é claro.
Chegamos até a RioShip bem na hora. E loucos por água!!!
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Primeira parada: Rio de Janeiro!
Pensei que seria melhor ir em grupo. Na comunidade da Steiner no Orkut "Viaje o mundo e ganhe para isso", encontrei colegas que fizeram a entrevista comigo, e também foram aprovados.
Trocamos idéias, formamos um grupo. Iriamos para o RJ juntos, dividindo despesas. Ana Letícia, Maria Teresa, e aquele meu colega de fila, Flávio. Tudo certo.
Quebrando a cabeça e revirando o Google Maps, achei um hostel bem legal que ficava perto do local onde seria o curso (RioShip, na Av. Franklin Roosevelt, 71). O hostel era o RioHostel, na Rua Joaquim Murtinho, Bairro Santa Teresa. Lugar muito legal, simples e aconchegante, e seguro, com a maioria dos hospedes provenientes de outros países. Lá, encontraríamos a Sandra, que por internet também decidiu juntar-se a nós, vinda de São Paulo.
Dia 11 de Janeiro de 2009. Malas feitas, passagem na mão. Fui para o Aeroporto Salgado Filho, aqui de Porto Alegre, bem cedo. Na sala de embarque, já chamavam para o embarque do vôo GOL 1827, saindo daqui às 21h10, e eu já dava pulos, imaginando onde estariam meus colegas de embarque, Flávio e Ana Letícia.
Chegaram a tempo. Ana, com medo de voar, já tinha tomado precauções e boletas. Eu, tri feliz, pois adoro aeroporto, falava sem parar. (risos). Como sempre, um frio na barriga durante a decolagem, e Porto Alegre, iluminada, ficava para trás.
A noite já caíra sobre a cidade, mas (pasmem!) acima das nuvens, em altitude de cruzeiro, do avião vimos o sol, grande e dourado, escondendo-se por entre as nuvens, e já passava das 10 horas da noite. Uma visão sobrenatural.
Voavamos sobre o litoral na companhia de uma Lua cheia que cintilava sua luz acima das nuvens.
Menos de duas horas depois da decolagem, sinto o avião iniciando a descer, e as nuvens abaixo se abrem revelando as luzes da cidade maravilhosa. Contornos luminosos, ruas cheias, casas, morros, e a imaginação deixava até que meus olhos vissem o Cristo Redentor lá de cima (apesar de ele ficar na direção oposta!). "Senhores passageiros, dentro de instantes, pousaremos no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro". Euforia - estou no Rio de Janeiro!!!!!
"Resultado da sua Entrevista- Steiner Transocean"
Um anúncio no canto da página (que mudaria tudo)
Eu tinha a vontade de aprender, tinha duas linguas estrangeiras (ingles fluente, francês meia boca) mas nenhuma experiencia. E era nessa hora que as portas se fechavam. E já sem nenhuma ambição, vi aquele anuncio no cantinho da pagina. Chamavam massagistas, manicures, cabeleireiros e profissionais da area de SPA. Eu sou professora de ingles formada em Letras/Ingles, então nao sabia fazer nada disso. Mas mandei o currículo igual.
Dias depois, para minha surpresa, responderam. Steiner Transocean era o nome da empresa. Fui chamada para uma entrevista em grupo, para uma eventual vaga de recepcionista. Os requisitos eram ser do sexo feminino e ter inglês fluente, desejável experiencia em vendas, mas não era imprescindível.
No dia D, cheguei até o local, toda vestida alto-esporte, suando em bicas, assim como todos naquela fila. A primeira pessoa com quem conversei foi o Flávio, candidatava-se para a área de fitness. Disse-lhe da minha falta de experiencia na área, ele, por sua vez, estava inseguro com seu inglês. Mas me contou de amigos que haviam sido aprovados na Steiner assim mesmo, e achava que eu tinha chances boas. Devo ter conversado com outras pessoas, mas honestamente não me recordo exatamente com quem.
Na hora marcada, entra em cena a recrutadora da Steiner para a America Latina, Debora Trachtenberg. Formulários a preencher, documentos, papeis. Apreensão total. Fomos levados até um auditório, onde Débora falou sobre a Steiner e sobre o emprego que encontraríamos a bordo.
A Steiner é uma empresa de SPAs que está presente a bordo de mais de 130 navios de cruzeiro, de diversas empresas no mundo todo. Dentro desses navios, há um SPA da Steiner com diversos tratamentos e produtos de alto nível. Também conta com SPAs em terra, cujas vagas são reservadas àqueles que já trabalharam com a Steiner a bordo anteriormente. Quem quiser saber mais pode procurar o site da empresa, http://www.str.co.uk/ , ou tentar a sorte e mandar um currículo para a Débora (deborat@str.co.uk).
Ganhos altos. Viagens. Um dia e meio de folga por semana. Uma jornada de 12h de trabalho. Muitas recompensas. E o que deixou a galera babando - os aprovados iriam fazer um treinamento na Steiner Academy, em Londres.
As candidatas à recepção fariam prova escrita e oral. A prova oral era apresentar-se no microfone em inglês, na frente de todos os candidatos. Honestamente, tudo foi tão rápido que nem sei o que falei naquele microfone, mas mandei ver.
Na saída, uma chuva de balde caiu sobre o local do evento (uma feira de produtos nauticos perto do Anfiteatro Por do Sol). Suspirei, desejando que a lama em meus sapatos não fosse em vão.