quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Expedição São Paulo - Parte 2 - A entrevista

E como dizem aqui no sul, com tudo pronto, fui para São Paulo "de mala e cuia". Verifiquei umas quinhentas vezes minha documentação para certificar que estava tudo lá.
Peguei um vôo da GOL no domingo dia 8/2 saindo daqui de Porto Alegre para Guarulhos, já que para Congonhas era o dobro do preço (e não sou muito fã da sensação de estar pousando dentro da sala de estar de alguém!). Um segredinho - a GOL oferece ônibus transfer gratuito para Congonhas para seus passageiros. É só apresentar seu cartão de embarque para o motorista.
Achei prudente chegar um dia antes, pois minha entrevista seria na segunda feira de manhã.
Nosso 737-800 circulava o aeroporto de Guarulhos por entre nuvens de chuva que davam um suspense ao momento. "Tripulação, preparar para pouso". "Senhores passageiros, dentro de instantes pousaremos no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Apertem seus cintos, travem suas bandejas e coloquem as poltonas em posição vertical...."
Tudo prontinho, a pista do aeroporto se aproximava cada vez mais. Preparei-me para o solavanco do trem de pouso alcançando o chão e para a travada, mas então...uma subida brusca e o avião arremete, abortando o pouso. "Ué, não vai pousar? Tem alguma coisa na pista?" Um stress geral, a galera imaginando o que tinha acontecido. E ninguém falava nada. Subimos de novo e a aeronave começou a circundar a cidade mais uma vez. Uma volta longa e chegamos de novo no aeroporto, mas por outro lado. Tive a impressão de ser um aeroporto diferente (rsrs). Dessa vez pousamos mesmo. Pontos de interrogação na cabeça de todo mundo. Então o comandante se pronuncia, explicando que havia "ventos de cauda acima da velocidade permitida pela GOL", por isso arremeteu e pousou em outro lado da pista, ou algo assim.
Pequena dose de adrenalina a parte, chegamos em Guarulhos e pegamos o ônibus da GOL para Congonhas ( é de graça). Levou cerca de uma hora a viagem. Não sabia que era tão longe (risos!).
De lá, pegamos um taxi até o hotel. A dica é pegar um taxi pré-pago, em Congonhas tem uns guichês para isso. A Radio Taxi Vermelho e Branco (11) 3146400 foi o que a gente escolheu. Deu uns 40 reais até o hotel.
Agora, dica de hotel! Fiquei no classudo Intercity Premium Berrini, no Brooklin Novo. Mas nem por isso paguei uma fortuna. Dei sorte de fazer minha reserva pela internet, pagando a bagatela de 100 reais a diária, com café da manhã e internet grátis no quarto. Além de ser um quatro estrelas, o hotel tem piscina, academia e um restaurante nota dez, onde dá pra almoçar e jantar (pagando extra, claro). E o legal é que se você não conhece a cidade ou não é afim de ônibus, o hotel oferece um serviço de transfer - motorista em carro particular que cobra o mesmo que táxi, as vezes menos, e é de extrema confiança. Eles nos levaram no consulado americano, não deu muito caro.
Show de bola. É só colocar no google que vc acha. Mas para quem tá com preguiça, o Intercity Premium Berrini fica na Rua Alcides Lourenço da Rocha, 136, e o telefone é (11) 2137 45 00.
Bem, no caminho para Congonhas, fazia um sol de rachar coquinho e muito calor. "Vou chegar no hotel e cair na piscina", pensei. Foi eu pensar nisso que não passaram nem quinze minutos e começou a cair um temporal daqueles. (Pobre quando tem a sorte de ficar em hotel quatro estrelas com piscina, não consegue aproveitar a piscina porque chove. rsrs...)
Como dizem em São Paulo, "Então..." depois de curtir uma chuva vendo TV no hotel, chegou a hora de curtir uma fila no Consulado. A entrevista era as 10 da manhã, sorte a minha que cheguei uma hora e meia antes. O Consulado fica na Henri Dunant, 500. Como relatei no meu post anterior, só entra quem vai fazer visto, então minha mãe teve que esperar do lado de fora. Na entrada, tem a primeira fila, no pátio mesmo. Ela vai e vem e vai de novo, isso que tinha pouca gente. Tem uns seguranças pit-bull para os quais você tem que abrir a bolsa, e tirar dela qualquer aparelho eletrônico, desde celular até mp3 e calculadora. Eles dizem pra você ficar com aquilo na mão até entrar. Nessa mesma fila, tem um pessoal orientando (no "berro-fone") sobre como preencher a papelada, organizando e grampeando tudo. Eles também te ajudam com dúvidas e o que você quiser saber.
De pouco em pouco, quem esta na fila número 1 vai entrando. Passa pela segurança, deixa com eles os aparelhos eletrônicos e recebe uma senha para retirá-los na saída. Dai tem uma máquina de raio-x igual a do aeroporto, e se o negócio não apitar, você pode seguir até o pátio interno por uma linha amarela pintada no chão que te leva até um "barracão" onde tem uma galera esperando. Você chega num primeiro balcão e eles te atendem sem olhar na tua cara, grampeam teus documentos e te dão uma senha. Dai, se tiveres sorte vais esperar sentado.
Na tua frente, tem um monte de cabine que mais parece bilheteria de cinema, e numas plaquinhas aparece o número da senha a ser chamada. A primeira "fila" é para a pré-entrevista, onde finalmente alguém conversa direito com você. Falei que queria um visto C1D junto com um visto B2 de turista, apresentei toda a papelada da Steiner e os formulários. A moça verificou tudo e disse que eu teria que pagar mais 300 reais para fazer o visto B2 (essa facada eu já previa. Não entendi como meu caro colega da Steiner conseguiu fazer o B2 de graça. Chato!! rsrs). Tem um caixa não do citibank, mas do próprio consulado, onde você pode fazer esse pagamento.
Tá, fiz o pagamento e voltei lá, ela conferiu todos os documentos e ficou com a papelada toda e com o passaporte, e disse para eu aguardar ser chamada para tirar as impressões digitais.
Achei um cantinho pra sentar, e lá fiquei por quase uma hora. Fiquei quase vesga tentando ver aquele monte de número piscando em uma TV, esperando minha vez. Dai quando finalmente me chamaram, fui tirar as digitais. Mas nada de tinta grudenta nas mãos - eles tem um tipo de scanner ficção científica em que você põe a mão e pronto. Feito isso, achei que estava inscrita para mais uma hora de chá de banco. A próxima fase era a hora da verdade, a entrevista do visto propriamente dita. Sorte a minha, mal encostei o traseiro no banco, lá estava minha senha sendo chamada.
Sorriso colgate, tentei disfarçar a cara de terrorista e a bomba que carregava na bolsa (até parece...) e lá fui. O cidadão olhou minha papelada, e perguntou em português o que eu faço aqui no Brasil. Respondi que sou formada em Letras e dou aula no SENAC. "Aula de quê?", perguntou. "Aula de inglês". Dai começou o teste. O cidadão começou a falar em inglês, pra ver se eu era mesmo profe de inglês. "And what are you going to do on the ship?" (o que você vai fazer no navio?) "I'm going to be a spa receptionist" (respondi que vou ser recepcionista de spa).
Perguntou ainda para que navio eu vou. Disse que ainda não sabia, falei sobre o treinamento em Londres e tudo mais. Então ele só sacudiu a cabeça e disse, em inglês, que agora só faltava pagar o sedex. Ansiosa, perguntei se ele me daria os dois vistos, o C1D e o B2, e ele disse que sim. Peguei a papelada do sedex, agradeci e saí antes que ele mudasse de idéia.
Preenchi o envelope do sedex e sai para a fila número 3. No caminho, peguei de volta meu mp3 com a segurança. Então sai até o guichê do sedex, que na entrada tinha uma fila de 10 pessoas. Bem, as 10 pessoas haviam se multiplicado em progressão aritmética, e agora a fila encostava do outro lado do pátio. Mas agora estava tudo bem, meus vistos estavam aprovados e dava para relaxar e aproveitar a fila e sol na cabeça sem stress (risos).
Meu passaporte, assim como todos, ficou no consulado para eles colocarem o visto. Por isso, tem que pagar o sedex. Para mim, deu 39 reais até Porto Alegre. Dizem que em cerca de seis dias úteis, estarei recebendo o meu passaporte com o visto em casa. Bom, estou no aguardo.
A notícia da aprovação do visto foi um alivio geral para quem ficou esperando do lado de fora. E fica a dica - aproveitem o respaldo e o nome da Steiner para passar a confiança necessária para eles te darem um visto de turista sem problemas. Várias pessoas que foram exclusivamente pedir o visto de turista saíram choramingando um "negado" carimbado na testa. O negócio não é fácil, mas a carta da Steiner facilita pra caramba. Eu tive que pagar mais uma taxa, meu colega não. Creio que o procedimento padrão é pagar, então vá preparado.
Feliz e "vistada", fui almoçar no Shopping Morumbi, que fica a uns poucos minutos dalí. Aproveitei para passear um pouquinho, e relaxar. O lugar é uma "cópia ampliada" do nosso Barra Shopping Sul, muito legal.
Depois, utilizei o transfer do hotel para ir até o aeroporto. Fiz um negócio meio esquisito comprando com meu agente de viagens a ida com a GOL e a volta com a polêmica OceanAir, pois o horário do vôo de volta convinha; porém só então me fraguei que a OceanAir não tem ônibus transfer. Então paguei cem pila pra chegar até Guarulhos. O paciente motorista do hotel cruzou a cidade da garoa na hora do rush, nos mostrando a cidade e contando histórias sobre os locais por onde passávamos. Adorei rever a Estação da Luz, ainda que de longe. Visitei o lugar há algum tempo com uma excursão da faculdade, vimos na ocasião o Museu da Língua Portuguesa e o MASP. O que São Paulo deixa a desejar no trânsito, arrasa em termos de museu.
Comparação OceanAir x GOL
Saímos do hotel às 18h30, e chegamos em Guarulhos as 20h. Tempo suficiente para chegar de Porto Alegre até Gramado...Check-in feito, o vôo decolava as 21h. Deu tempo para uma torrada a preço de ouro.
Fui ao portão de embarque curiosa para ver se tudo aquilo que tinham dito de ruim sobre a OceanAir era ou não verdade. Pontualmente, começamos o embarque - em um ônibus. Brinquei com a galera - "vamos assim até Porto Alegre, de pé no ônibus!". O tal busão nos levou até o meio da pista, onde o tal MK28 da OceanAir nos aguardava. Grande visão, ficar bem do lado daquele baita avião. Teve gente que até foto tirou.
Subimos, eu preocupada em achar meu assento. Mas aí o negócio foi meio "a bangú", vi algo que nunca tinha visto. No alto-falante, o aviso: "informamos que os assentos neste vôo são de livre escolha". Não gostei muito. Tinha gente nos nossos assentos, e fomos parar lá atrás, perto da turbina. Tudo bem.
Sentei onde deu. A aeronave, mais espaçosa, parecia legal. A tripulação acomodava os passageiros, um pessoal bem atencioso e gentil. Tive que rir do gestual sincronizado dos comissários de bordo explicando os procedimentos de emergência.
Então olhei aquele papel que fica na poltrona, com as explicações de emergencia. "MK 28" era o modelo do avião. Olhei para a minha mãe e disse, "MK 28 o caramba, esse aqui é o Fokker da TAM!". E olha que quando o bicho ligou as turbinas para valer, o barulho era ensurdecedor. Eu, acostumada com os silenciosos 737 da GOL, fiquei surpresa. Que troço mais barulhento!
Deu tudo certo na decolagem, e entre uma pequena turbulência e outra, começaram a servir o lanchinho. Dai foi uma surpresa boa. A GOL tinha me servido suco e refri e (na cara de pau!) umas bolachinhas que nem enchiam o buraco do dente. Na OceanAir, foi quase uma janta. Uma bandeja com sanduíche, quiche de frango e até doce de abóbora de sobremesa, com direito a refri e suco. Pelo menos no quesito serviço de bordo, a OceanAir ganha da GOL.
Pousamos em Porto Alegre no horário e sem contratempos. Opinião final? Entre a segurança do moderno e silencioso 737 da Gol com suas bolachinhas, e o farto lanche da OceanAir em um duvidoso e barulhento MK28 (antigo Fokker), fico com as bolachinhas. A tripulação da Ocean está de parabéns, até jornal tinha para distribuir, mas nada compensa a insegurança de voar em uma aeronave que te deixa, no mínimo, apreensivo.
Missão cumprida mais uma vez, agora é esperar para ver. Mandem comentários, dúvidas, recclamações, estamos aí! Abraço a todos.
PS > meu passaporte chegou de sedex enquanto eu finalizava esse post. Agora sim, estou de visto na mão!

4 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, estou adorando!!! Vc sabe dizer se esse treinamento que vc fez só tem no Rio de Janeiro? Não tem em Santos???
    E outra coisa... quais as validades dos seus vistos???
    Quando é sua data de embarque?
    Bjos
    Boa sorte

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  2. Prezada Tatiana
    Obrigada pelo comment! Respondendo a tuas dúvidas, sei da existência do STCW em outras cidades como Santos e até Curitiba (no CECETH), mas a Steiner firmou parceria com a RioShip, então foi lá que a gente fez o curso, já que ele seria pago pela própria Steiner.
    Meus vistos - tive a felicidade de receber o passaporte de volta com ambos os vistos válidos até 2014. Beleza, né!
    Minha data de embarque por enquanto ficou 10 de Agosto, mas a Débora está tentando ver se me encaixa mais cedo.
    Continue voltando ao blog, em breve novidades!
    Abraço!

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  3. Oie, obrigada pela resposta!
    Nossa que sortuda vc, pegar até 2014! Deve ser a crise, rsrsrs.
    Estarei passando aqui sempre sim, atualiza hein? hehehe
    Bjs

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  4. Olá!!!

    Adorei os textos!
    Queria dar uma dica: em São Paulo, em frente ao Consulado, tem um escritório bem na esquina, você sobe uma escadinha estreita até o segundo andar. Ali também funciona um estacionamento. Tem gente que fica direto na rua encaminhando você (principalmente se estiver com uma mala, como eu) para guardar os pertences e/ou revisar os documentos. Ajuda bastante! O moço olha todos os campos, vê se tá tudo certinho. Se houver erro, ele ajuda a corrigir ou então você paga uma taxa e ele refaz os documentos. Isso é bom pra não ter essa surpersa lá com "os home" do Consulado. Ah, pra guardar a bagagem, eles cobram R$10,00 e pode deixar o dia inteiro. Assim, foi muito mais fácil ir almoçar no Morumbi Shopping também, sem sofrer arrastando correntes.... opa! Malas!

    Adorei os comentários. Fiquei mal quando contou a parte do avião.... eu tenho medo! Voltando do Rio para Congonhas após o treinamento STCW eu também passei uns apuros. Turbulência é só para os fortes! rsrs

    Um beijo!!! Não deixe de escrever!

    Beijos, Elaine

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