segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rio De Janeiro - Ultima Parte - Praia e Saudades!

Em um desses dias, já no finalzinho da nossa viagem, fomos a Ipanema como sempre, e depois de curtir um sol e uma praia de primeira, fomos dar uma caminhada pelo calçadão. Lá, dava até para fazer a brincadeira de "onde estão os gringos?". Há muitos turistas estrangeiros no Rio, e pelo jeito deles, não é difícil identificá-los. Camisetão floreado, bermuda, tênis, chapelão engraçado e uma câmera no pescoço. E uma cara ou mais branca que vela, ou já toda vermelha do sol.

E nesse calçadão, caminhamos até perto do Arpoador, em um ponto onde o calçadão tem mais de 2m de altura em relação à praia. E lá, paramos para ver um espetáculo - o pôr-do-sol sobre as aguas do Atlântico. Forte adversário do xodó portoalegrense, o pôr-do-sol no Guaíba. Veja por si mesmo...


Enquanto o sol dava seu espetáculo, subimos no Arpoador para uma vista de tirar o fôlego do vivente! De um lado, uma vista da praia de Ipanema inteirinha, com uma perspectiva praticamente de dentro do mar olhando para a beira. Do outro lado, o oceano e um pedacinho da praia de Copacabana, e o Corcovado. E o sol, pintando tudo de dourado. Foi de fazer inveja a qualquer porto alegrense!

Cruzando a praça Garota de Ipanema, caminhamos algumas quadras e chegamos à tão famosa praia de Copacabana. Já era noite, e as luzes da cidade iluminavam o oceano. Todos pararam para apertar a mão do Dorival Caymmi de bronze e sentaram ao lado do Carlos Drummond para uma foto. Rodamos (a pé!) bastante para achar um lugar onde jantar. Como se pode imaginar, os preços dos restaurantes na beira-mar são, ironicamente, salgados. Mas o passeio valeu a pena e o cansaço nos pés!

Mas nosso tempo no Rio de Janeiro estava chegando ao fim. Aos poucos, o pessoal começou a voltar para casa. A Sandra foi a primeira a voltar para São Paulo, em 17/1. Depois, no dia seguinte, o Flávio veio para Porto Alegre de manhã. No final da tarde do mesmo dia, eu também fiz as malas e parti. Maria Teresa e Ana Letícia espicharam a estadia para mais uma noite, e voltaram no dia 19.

Decolar do Galeão foi muito legal, uma das decolagens mais bonitas que fiz. Do avião da Gol, espichei os olhos para ter uma vista aérea da baía de Guanabara, com o Cristo e o Corcovado e água refletindo um céu azul. Um transatlântico passeava pelas voltas da praia, como um lembrete do meu iminente destino.

Prometemos nos encontrar no Rio de Janeiro após terminarmos nossos primeiros contratos com a Steiner. Enquanto isso, fica a saudade dos amigos que fiz e dos lugares que visitei. Agora, minha próxima parada é a entrevista no consulado americano em São Paulo. Vamos ver no que dá!

Abraço a todos!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Rio de Janeiro Parte 4 - Praia (Navio a vista!)

Missão cumprida, todos nós aprovados no STCW, ganhamos três dias para curtir o Rio (algumas colegas até espicharam a estadia para quatro dias). Aproveitamos para passear e ir à praia. O ponto favorito da galera foi o posto 9 da praia de Ipanema. No hostel, recebemos orientações e pegamos o ônibus até a praia. Para uma porto-alegrense invicta, "ir à praia" sempre significou pegar um ônibus na rodoviária e encarar uma viagem de não menos que 1h30, para só então vislumbrar o oceano. Então demorei para me acostumar com o fato de ainda estarmos dentro da cidade, porém "na praia".

Ver o oceano sempre me cativou, mas dessa vez fiquei com inveja pelo nosso litoral achocolatado aqui do RS. Ipanema é linda mesmo. Debaixo de umas montanhas verdes, uma praia a perder de vista, mar transparente e com um horizonte repleto de pequenas ilhas. Alugamos um guarda-sol e umas cadeiras, e montamos acampamento.

Eu, gaudéria acostumada com nosso litoral, onde a arrebentação começa a uns 150 metros da praia, e na beira só tem marola, fui encarar dar um mergulho nas aguas cristalinas de Ipanema. A primeira vista, a praia parece não ter onda. Mas não dá nem tempo de o vivente se alegrar. Em Ipanema, a arrebentação das ondas é praticamente em cima da praia, pela geografia do local. Você adentra uns 10m na água e já está com ela pelo pescoço. E quando menos espera, a "praia sem onda" ergue uma parede de água na sua frente, do nada, e quem não está preparado leva um tombo e um caldo. Ah, pra quê! Congelei na beirinha da praia. Meus amigos me chamavam lá de dentro, e eu olhava para aquelas ondas-monstro e fazia que não, que ficaria ali mesmo. E ali fiquei! E ainda assim, deu pra curtir a água, tamanha era a força das ondas.

Sentar para tomar um sol em Ipanema (ou em qualquer praia carioca) é que nem sentar numa versão ao ar livre do Camelódromo de Porto Alegre, ou da 25 de Março em São Paulo. É uma sinfonia de "olha o mate, limonada, refri, cerveja!" "queijo na brasa!" "picolé, sorvete!" "acaí gelado!" "biscoito Globo!" "óculos de sol!" "olha o kibe! esfiha!" e incontáveis outros artigos que desfilam pela praia. De início, achei isso um pouco irritante, mas depois você acostuma e só escuta o que interessa.

Não comprem picolé na beira da praia - paguei 5 reais por um Chicabon. Inacreditável. Também não comam camarão - é dor de barriga no palito. Mas adorei comer um açaí de primeira com morango e banana, vendida por um rapaz que traz tigelinhas prontas em uma bandeja. Recomendo!

A nossa primeira visita à Ipanema foi rápida, uma caminhada pela praia e depois uma conversa num quiosque beira-mar, regada a côco e caipirinha. Entre uma conversa e outra, olho por cima do ombro de minha colega e quase enlouqueço com o que vejo pela primeira vez. Lá longe no mar, um baita transatlântico da companhia italiana Costa, navegando tranquilamente. Acho que dei um grito - OLHA LÁ! OLHA LÁ! A galera deu um pulo e todo mundo ficou entusiasmado com a visão. Eu, mais ainda, pois é raro vermos esses navios aqui no RS; eu, pessoalmente, nunca havia visto um ao vivo assim. Câmeras a postos, foto, foto, foto!! Não deixamos de registrar esse momento, já que em breve estaremos morando em um navio daqueles por um bom tempo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Rio de Janeiro Parte 3 - STCW Aula Prática










Então era nossa vez de colocar em prática tudo o que aprendemos. Na quinta feira, chegamos até a RioShip com roupa de banho e toalha na mochila. A galera se reuniu, os rapazes carregaram o equipamento e todos subimos no ônibus alugado pelo curso. De lá, fomos levados até a Ilha do Governador. È um belo passeio - com sorte, ao passar pelo Porto do RJ, você tem a chance de ver alguns belos transatlânticos "estacionados" bem ali na sua frente.
Nossa primeira parada foi em uma escola de comissários de bordo. Lá, faríamos a aula prática sobre incêndio. Chegamos e encontramos vários latões, enfileirados e cortados ao meio. Eles foram encharcados em combustível e... fogaréu! Dava para sentir o calor de longe. Aprendemos como manusear um extintor de incêndio de CO² e de Pó Químico. E depois, era combate ao incêndio - cada um teve de se aproximar e dar uma baforada de extintor no fogo, e recuar, para que todos pudessem participar. Isso se repetia até o fogo apagar. Depois, foi o "ensaio da mangueira", mas nada de carnaval. Com uma mangueira de incêndio, treinamos a técnica de apagar incêndios regulando a mangueira para neblina ou jato. Foi muito legal. Ai está o Comandante demonstrando a técnica para o pessoal.



Depois de um lanche na cafeteria (por conta do curso), a galera suando em bicas estava louca por uma piscina. E, na nossa segunda parada, piscina era o que não faltava. Fomos levados até um complexo de treinamento da Marinha. Depois de nos trocarmos e levarmos uma chuveirada, era hora de pular na agua.
Um lado da piscina era raso de poder sentar no chão. O outro, bem, não se enxergava o fundo. Nem quis saber a profundidade. Acima, havia instalações para salto, trampolins e coisas do tipo, alguns muito altos. Aquele do qual saltaríamos tinha uns 3 metros de altura. A missão era saltar de colete salva vidas, nadar até o bote e subir nele. Os mais corajosos foram primeiro - tchibuuum! Na foto, meus colegas Flávio e Maria Teresa.








Dai chegou minha vez. Eu não tenho medo de altura, mas nem queria saber o que aconteceria quando eu chegasse na água. Colete salva-vidas a postos, dei um passo a frente e pulei. A queda de três metros parecia ter uns 30 metros na verdade, pois não terminava nunca. Foi muito estranho! E como era de se prever, não sei o que fiz de errado que acabei levando um caldo desgraçado e engoli quase toda a água da piscina. Voltei à tona tossindo que nem louca, meio em pânico e sem conseguir respirar direito. Se o Comandante não infartou dessa vez, tem coração de ferro. Só vi ele de colete voando até a piscina para me resgatar. Me rebocou para a parte rasa e disse que eu poderia ficar lá, que não precisava fazer o resto. Mas, entre uma tosse e outra, disse que gostaria de fazer a parte da balsa (afinal, não tomei um caldo de graça!) Então, deixei que o colete fizesse seu serviço e me virasse de barriga para cima e fui nadando de costas até a balsa. A entrada naquela rosquinha de borracha inflada nunca é elegante - devo ter caido por cima dos meus colegas. Passar alguns minutos ali com aquela gente toda apertada foi estranho, imagino passar um dia inteiro no mar assim! Na foto, meus dois colegas na balsa.


Depois, todos saímos da balsa e passamos os coletes à proxima turma. Claro, todo mundo veio me perguntar se eu estava bem. Uma coisa é certa - fui a única que não ficou desidratada depois de passar algumas horas na piscina. =))
Já me perguntaram se a parte prática é feita no mar, respondo que não. Na piscina já é um desafio bem realista, só falta as ondas. Talvez, pudessemos visitar uma embarcação de verdade, mas isso já é outra história.
Após nos trocarmos, voltamos à RioShip. Almoço feito, fomos fazer a prova final. Trinta questões sobre o que vimos no curso. Quem ia terminando entregava a prova ao Comandante, que corrigia ali mesmo. Quem atingisse 18 pontos já recebia o atestado e o certificado para assinar. O atestado você já leva para casa. O certificado vai dar um passeio na Marinha do Brasil para receber uns carimbos e te é enviado pelo correio.
Gostei do curso, e mais ainda de conhecer outros colegas da Steiner e de outras empresas. A RS0209 foi, com certeza, uma turminha muito legal!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Rio de Janeiro Parte 2 - Curso STCW na RioShip

Nosso curso começou dia 12 de janeiro de 2009. Chegamos até a RioShip pela manhã, e nos apresentamos como sendo da Steiner. Entregamos os documentos necessários (original do atestado medico e copias de RG e CPF, e comprovante de escolaridade). É bom trazer tudo prontinho para não ter que ir atrás de loja de xerox.
A turma reunida, fomos levados até o auditório da Casa do Estudante, que fica bem próximo dali. Nossa turma era grande, e a sala da RioShip ficaria muito pequena.
Recebemos nossas apostilas de treinamento e fomos apresentados ao ilustríssimo Comandante Dirceu, nosso instrutor para a turma RioShip 0209. Nossas aulas seguiriam a mesma rotina nos três primeiros dias - inciavam às 9h da manhã, uma parada para o lanche no meio da manhã (lanche esse por conta do curso - refrigerante e torradas de queijo que apelidei de Teodoro Gordurinhas, e deixo para você imaginar o porquê do apelido). Por volta das 12h30, uma hora de almoço, daí cada um se vira. Demoramos para acertar, mas eu e minha galera descobrimos um restaurante a kilo bem decente do outro lado da rua.
Durante o curso, recebemos noções basicas de tudo, desde arte naval e construção de navios até primeiros socorros. O Comandante Dirceu, aposentado da Marinha do Brasil, é bom conhecedor de vários assuntos pertinentes à vida a bordo. Acostumado a comandar navios militares, relatou estar viajando como passageiro em navios de cruzeiro para aprender mais sobre o assunto.
Lá pelo meio da tarde, parada para o lanche com café e biscoitos. Por mim, se os intervalos fossem reduzidos, a gente terminava mais rápido, mas tudo bem. Lá pelas 17h30, 18h, éramos liberados. Daí era hora de passear pelo Rio!
Durante os três primeiros dias de aula, seguimos essa rotina, e no dia seguinte sempre havia um teste diagnóstico (uma "provinha"!) para ver como a gente estava se saíndo no curso, mas nada de horrível. Mas tem que estudar um pouquinho, anotar, prestar atenção. É fácil se distrair com toda a atmosfera do Rio e com a baita vista que se têm da escola, da qual se enxerga o porto e a ponte Rio-Niterói, e a baía lotada de navios. E vale a pena!

Rio de Janeiro Parte 1 - A chegada ao hostel

Dando uma de agente de viagens de meia tigela, resolvi encabeçar a peleia e achar um lugar legal para eu e minha galera ficar. Depois de várias buscas no google maps (!) achei um cantinho no bairro Santa Teresa, o Rio Hostel. Por 37 reais a diária, o lugar oferece uma cama em quarto coletivo, café da manhã e confortos como piscina e varanda com rede e lugar pra sentar e admirar a vista. Tem um barzinho que abre a noite, perto da piscina, e serve até caipirinha. Os hóspedes com talentos culinários estão livres para utilizar a cozinha coletiva. Tem internet, maquina de lavar e bebidas (refri e cerveja) que são cobrados a parte, mas não sai muito caro. Eles oferecem toalhas, mas não tantas como em um hotel, então é até mais pratico levar as suas, principlamente se você for à praia.

O mais legal é que ali há um ambiente parecido com o navio - em um espaço limitado, você convive com pessoas de diversas nacionalidades. Tem mais estrangeiro que brasileiro, na verdade. Conheci gente dos EUA, Reino Unido, França, Espanha, Canadá, Israel, Argentina e por aí vai. O pessoal é muito honesto e de respeito, ninguém pega o que não é seu ou faz malandragem, então depois do primeiro dia, você esquece de trancar as coisas ou cuidar onde deixou a bolsa, pois ninguém mexe. Mas, mesmo assim, cada um recebe um armario com chave, só pra garantir.

O Rio Hostel fica a uns 20 minutos a pé do local onde acontece o curso, na RioShip (Av. Franklin Roosevelt, 71). Dá pra ir a pé e conhecer a cidade. Fica pertinho da Lapa e de seus famosos Arcos, e das ainda mais famosas noites da Lapa. =))

Chegamos tarde no Galeão; lá, já nos esperava há algumas horas a colega Maria Teresa, que havia pego um vôo mais cedo e nos encontraria no aeroporto. Então, pegamos um táxi para o hostel.

Dica: venham preparado$. Os táxis do aeroporto são pré-pagos - há um guiché na saída da sala de desembarque, onde você informa seu destino e eles calculam o valor, e você paga ali mesmo. Depois é só mostrar o comprovante para o motorista e seguir feliz.

Apesar de uma blitz com policiais mal-encarados segurando metralhadoras enormes e uma subida assustadora por ruelas mal iluminadas com indivíduos suspeitos, tudo na calada da noite, chegamos bem ao hostel, e na manhã seguinte, veríamos que o bairro Santa Teresa nem era tão ruim assim. Parece cidade do interior - basicamente residencial, conta com uma vista muito bonita do centro da cidade, e há antigos casarões por toda a parte. E Deus! Como estava quente! Passava da meia-noite e parecia que ainda fazia 30 graus.

Na manhã seguinte, tomamos café cedinho e fomos saíndo pelas ruas a fim de descobrir como chegar até a RioShip. A caminhada no google maps parecia menor do que realmente foi. Mas adorei ver cantinhos do Rio muito bonitos, estátuas barrocas por toda a parte e altos prédios. E passar por baixo dos velhos arcos da Lapa, é claro.

Chegamos até a RioShip bem na hora. E loucos por água!!!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Primeira parada: Rio de Janeiro!

Então já era verdade, eu era sim uma Steiner entre tantos outros aspirantes. Alguma coisa fiz de certo, algo que tenha dado valor à lama em meus sapatos. E mais tarde recebemos a notícia de que teriamos de embarcar para o Rio de Janeiro para fazer o STCW, um curso de sobrevivência no mar, obrigatório para tripulantes de navios.

Pensei que seria melhor ir em grupo. Na comunidade da Steiner no Orkut "Viaje o mundo e ganhe para isso", encontrei colegas que fizeram a entrevista comigo, e também foram aprovados.
Trocamos idéias, formamos um grupo. Iriamos para o RJ juntos, dividindo despesas. Ana Letícia, Maria Teresa, e aquele meu colega de fila, Flávio. Tudo certo.

Quebrando a cabeça e revirando o Google Maps, achei um hostel bem legal que ficava perto do local onde seria o curso (RioShip, na Av. Franklin Roosevelt, 71). O hostel era o RioHostel, na Rua Joaquim Murtinho, Bairro Santa Teresa. Lugar muito legal, simples e aconchegante, e seguro, com a maioria dos hospedes provenientes de outros países. Lá, encontraríamos a Sandra, que por internet também decidiu juntar-se a nós, vinda de São Paulo.

Dia 11 de Janeiro de 2009. Malas feitas, passagem na mão. Fui para o Aeroporto Salgado Filho, aqui de Porto Alegre, bem cedo. Na sala de embarque, já chamavam para o embarque do vôo GOL 1827, saindo daqui às 21h10, e eu já dava pulos, imaginando onde estariam meus colegas de embarque, Flávio e Ana Letícia.

Chegaram a tempo. Ana, com medo de voar, já tinha tomado precauções e boletas. Eu, tri feliz, pois adoro aeroporto, falava sem parar. (risos). Como sempre, um frio na barriga durante a decolagem, e Porto Alegre, iluminada, ficava para trás.

A noite já caíra sobre a cidade, mas (pasmem!) acima das nuvens, em altitude de cruzeiro, do avião vimos o sol, grande e dourado, escondendo-se por entre as nuvens, e já passava das 10 horas da noite. Uma visão sobrenatural.

Voavamos sobre o litoral na companhia de uma Lua cheia que cintilava sua luz acima das nuvens.

Menos de duas horas depois da decolagem, sinto o avião iniciando a descer, e as nuvens abaixo se abrem revelando as luzes da cidade maravilhosa. Contornos luminosos, ruas cheias, casas, morros, e a imaginação deixava até que meus olhos vissem o Cristo Redentor lá de cima (apesar de ele ficar na direção oposta!). "Senhores passageiros, dentro de instantes, pousaremos no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro". Euforia - estou no Rio de Janeiro!!!!!

"Resultado da sua Entrevista- Steiner Transocean"

Dez longos dias se passaram desde que coloquei meus saltos na lama para investir no futuro, e o resultado daquela entrevista demorava a chegar. Nem contava mais com isso. Achei que seria outra recusa. Até abrir o email que recebi em um fim de tarde. Nele, diziam:

"Temos a satisfação de informar que você foi selecionada para trabalhar com uma de nossas equipes a bordo de navios de cruzeiro singrando pelo mundo afora.Em breve confirmaremos a sua data de início de treinamento em Londres. Após o período de treinamento você será direcionada diretamente para o navio que lhe for designado. Solicito a gentileza de informar-me o número do seu passaporte com validade mínima de dois anos, telefone de contato e endereço para correspondência, com CEP. "
De início, achei estar lendo errado. Li de novo. "...de informar que você foi selecionada...". O coração bateu mais forte. Li mais uma vez: "...que você foi selecionada...". Tive medo de estar sonhando, vivendo algo surreal. "...foi selecionada..." "...treinamento em Londres"..."...navios de cruzeiro..."
Não sabia nem como iria formular uma frase boa para passar a notícia à minha família. Estava sem fala. Ainda não havia caido a ficha direito. Sem fala. Resolvi imprimir o email e mostrei à minha mãe. Depois, foi só comemoração. Vou trabalhar em um navio de cruzeiro, pensei. Vou a Londres. E nunca pensei que conheceria Londres tão cedo. Nem o mundo.

Um anúncio no canto da página (que mudaria tudo)

Creio que minha história, assim como de muitos outros que irão embarcar nessa comigo, começou com um pequeno anuncio no canto da página do jornal. Uma empresa anunciava vagas a bordo de navios de cruzeiro. Um trabalho assim tem sido minha ambição nos ultimos anos. Viajar e ganhar dinheiro para isso. Ralar muito, mas olhar pela janela e ver algo diferente todos os dias. Mas depois de cinco entrevistas com empresas diferentes, e repetidas recusas, achei que esse sonho estava além das minhas possibilidades.

Eu tinha a vontade de aprender, tinha duas linguas estrangeiras (ingles fluente, francês meia boca) mas nenhuma experiencia. E era nessa hora que as portas se fechavam. E já sem nenhuma ambição, vi aquele anuncio no cantinho da pagina. Chamavam massagistas, manicures, cabeleireiros e profissionais da area de SPA. Eu sou professora de ingles formada em Letras/Ingles, então nao sabia fazer nada disso. Mas mandei o currículo igual.

Dias depois, para minha surpresa, responderam. Steiner Transocean era o nome da empresa. Fui chamada para uma entrevista em grupo, para uma eventual vaga de recepcionista. Os requisitos eram ser do sexo feminino e ter inglês fluente, desejável experiencia em vendas, mas não era imprescindível.

No dia D, cheguei até o local, toda vestida alto-esporte, suando em bicas, assim como todos naquela fila. A primeira pessoa com quem conversei foi o Flávio, candidatava-se para a área de fitness. Disse-lhe da minha falta de experiencia na área, ele, por sua vez, estava inseguro com seu inglês. Mas me contou de amigos que haviam sido aprovados na Steiner assim mesmo, e achava que eu tinha chances boas. Devo ter conversado com outras pessoas, mas honestamente não me recordo exatamente com quem.

Na hora marcada, entra em cena a recrutadora da Steiner para a America Latina, Debora Trachtenberg. Formulários a preencher, documentos, papeis. Apreensão total. Fomos levados até um auditório, onde Débora falou sobre a Steiner e sobre o emprego que encontraríamos a bordo.

A Steiner é uma empresa de SPAs que está presente a bordo de mais de 130 navios de cruzeiro, de diversas empresas no mundo todo. Dentro desses navios, há um SPA da Steiner com diversos tratamentos e produtos de alto nível. Também conta com SPAs em terra, cujas vagas são reservadas àqueles que já trabalharam com a Steiner a bordo anteriormente. Quem quiser saber mais pode procurar o site da empresa, http://www.str.co.uk/ , ou tentar a sorte e mandar um currículo para a Débora (deborat@str.co.uk).

Ganhos altos. Viagens. Um dia e meio de folga por semana. Uma jornada de 12h de trabalho. Muitas recompensas. E o que deixou a galera babando - os aprovados iriam fazer um treinamento na Steiner Academy, em Londres.

As candidatas à recepção fariam prova escrita e oral. A prova oral era apresentar-se no microfone em inglês, na frente de todos os candidatos. Honestamente, tudo foi tão rápido que nem sei o que falei naquele microfone, mas mandei ver.
Na saída, uma chuva de balde caiu sobre o local do evento (uma feira de produtos nauticos perto do Anfiteatro Por do Sol). Suspirei, desejando que a lama em meus sapatos não fosse em vão.