quinta-feira, 2 de junho de 2011

Lançar âncora - atualização depois de um tempo longe do blog

Olá pessoal

Já faz um tempão desde que me larguei da Steiner, dois anos eu acho, mas parece que foi ontem. E de uma maneira imprevista acabei lançando minha ancora e deixando na praia meus planos de trabalhar em um navio, parece que não era para ser. Cheguei a fase final de entrevistas em diversas empresas como a Royal, tinha certeza que ia ser chamada, a ponto de recusar outras ofertas de emprego mais certas e normais, somente para descobrir depois que acabei ficando sem emprego nenhum.

Trilhei meus caminhos até onde queria, como disse meu amigo, "talvez não do jeito que tu pensavas", hoje moro nos EUA, casada, com green card e tudo. Meus antigos colegas da Steiner são amigos que sempre terei comigo, isso não muda.

Fizemos uma festa de noivado no Brasil, convidei meus amigos que conheci na Steiner, acredito que não tinhamos nos encontrado desde Londres, alguns, desde antes da partida a Londres, foi muito bom. Juntamos os quatro amigos que conseguiram vir de vários cantos, de Pelotas, de Rio Claro SP, e de Porto Alegre mesmo. Mas era só o começo, minha amiga pelotense foi minha madrinha de casamento, e que coisa mais surreal ve-la descendo aqui no aeroporto da minha cidade nos EUA, e participando do meu casamento. A vida dá umas voltas que só com o tempo a gente entende e aprecia.

E com tudo isso, mudança para os EUA e casamento e papelada do green card (que merece um outro blog inteiro pra contar a história), acabei esquecendo deste blog, porém meu contador de visitas continuava acusando um numero considerável de internautas que acabavam navegando até o Ocean Blessing. Semana passada mais de 20 pessoas visitaram, o que parece pouco, mas acho muita coisa para um blog que parei de divulgar e atualizar há mais de um ano. Isso serve de prova para mim e para todos que este blog continua a fazer o serviço para o qual foi criado, e tenho a esperança que este instrumento tenha ajudado a abrir vários olhos.

Então resolvi voltar aqui para contar o que está rolando hoje para mim e para minha galera que conheci na Steiner. Éramos seis aspirantes a marinheiro no início. Meu amigo porto-alegrense foi primeiro a Londres e ao navio, depois o paulista, seguido da minha agora madrinha, depois eu mesma, e depois a minha amiga port0-alegrense. Deixemos os nomes para lá. Não recordo quando a minha amiga paulista foi chamada, mas foi antes de eu embarcar.

No final das contas, eu fui a primeira a chutar o balde em Londres mesmo e dizer que aquilo tudo era horrível e que ia para casa. Quem chutou o balde em seguida foi o paulista, depois de ter sido enrolado pelos treinadores por meses sem nunca ter recebido um navio. Depois de cerca de 6 meses no navio, minha madrinha pelotense disse chega, e chutou o balde também. O colega porto-alegrense estava a pouco tempo de terminar o contrato e também se encheu daquela hipocrisia. A colega paulista foi a única a terminar o contrato no navio, e também pulou fora da Steiner, fez curso e foi trabalhar em iates particulares, está bem feliz. Quem acertou de primeira foi a colega porto-alegrense que foi a ultima a ser chamada depois de nós todos, viu o que estava rolando e que a Steiner não era o que achavamos, e ficou em Londres mesmo, agora mora lá, vai casar e tudo mais.

Meu caro amigo gaucho deu sorte, após aguentar a Steiner, descolou um emprego nota dez na Royal, já vai para o segundo contrato. Esse é marinheiro!

Sempre teremos uma coisa em comum, que é ter prazer em maldizer a Steiner toda vez que nos encontramos. Não é nenhum paraíso, pagam menos que um cleaner empregado direto da empresa de navio de cruzeiro, que pelo menos tem salário fixo, e não apenas baseado em comissão. "Você faz quanto dinheiro quiser" é papo de vendedor para dizer "você só ganha uma merreca se vender alguma coisa". Este blog e cada post aqui foi escrito enquanto minha memória ainda estava fresca, sem nenhum exagero ou omissão. Admiro quem tenha objetivos tão firmes que aceite gastar uma nota preta para embarcar nesse navio, grana que talvez você recupere, talvez não, passar por sofrimento físico e mental e uma baita incomodação, para viajar em um navio que apesar de circular vários lugares lindos, você só vai ter algumas horas para explorar antes de voltar ao seu trabalho escravo, longe de sua família.
Hoje, cruzeiros são tão populares que o preço caiu considerávelmente, e sabe de uma coisa? Com toda a grana que você vai precisar gastar com a Steiner, taxas, visto, STCW, não sei o que mais, você paga um cruzeiro bem legal para duas pessoas. Com todos os requintes de passageiro.

Então valeu, galera, continuem visitando. Eu sigo em frente aqui na terra do tio Sam, com meu marido, meus gatos e o jardim, e desejo a todos boa sorte em tudo o que fizerem, quaisquer perguntas, estamos aí. Fui...

sábado, 1 de agosto de 2009

Em breve, novidades!

Meus queridos leitores
Primeiramente agradeço pelo índice recorde de visitações, muita gente mesmo lendo meu blog nesses últimos meses!
Esse é um post curtinho para contar novidades. Depois de bater pé por aí, novas portas se abrem a minha frente.
A experiencia por que passei na Steiner não fez morrer o sonho de trabalhar em um navio. Mas em outra empresa mais justa, em outro cargo de salario fixo e justo. E, meus caros, se meu projeto der certo (agora só falta uma última entrevista para a decisão final sair!!) vocês serão convidados a acompanhar as minhas aventuras por ai em um novo blog, com novas histórias, cheio de dicas e sempre primando pelo compromisso com a verdade.
Abram seus horizontes, a Steiner não é a unica empresa que existe. Tenho colegas embarcados pela Steiner que relatam estar ganhando bem menos que o cargo mais inicial da galera da limpeza.
Quem quiser uma boa fonte de informações para achar emprego em uma empresa boa, inclusive endereços de recrutadores das maiores empresas de navios de cruzeiro do mundo, e estiver afim de pagar um pouquinho, pode conferir o site www.workoncruiseships.com . Não estou ganhando nada pela propaganda, sou membro do site e indico porque é bom mesmo. Tem anuncio de vagas e um monte de informações.
E agora é esperar para ver!
Bons ventos nos guiem!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Nota aos Futuros Steiners e aos Leitores do OceanBlessing

Meus queridos colegas, amigos, fieis leitores do OceanBlessing

Acredito que muitos de voces estejam supresos com minha desistencia na Steiner. Sei que varios de voces estao de curriculum na mao na fila para uma entrevista, ou fazendo as malas para Londres.

Quando comecei este blog, firmei um compromisso de contar em detalhes cada passo da minha jornada. Que meus escritos servissem como guia para quem fosse tracar a mesma jornada, e acredito que atingi esse objetivo, de acordo com os preciosos comentarios deixados por voces e pelas varias pessoas que ja me conhecem apenas por ter lido meu blog, como aconteceu em Londres.

E mantendo esse compromisso com a verdade nos minimos detalhes, contei a voces minha experiencia em Londres, nao com o objetivo de desestimular ninguem ou afetar a empresa, mas como um aviso, um chamado a realidade. Assim como eu, tenho certeza de que muitos ai fora assistiram a palestra dada na ocasiao da entrevista, onde um quadro de sonhos e dinheiro e pintado para cada um que passar no processo seletivo. Saem de la sonhando com Londres, com o navio, com viagens e muito dinheiro.

E quem for encarar de verdade trabalhar na Steiner deve ir sabendo a realidade do treinamento em Londres, que nao e nenhum paraiso. E apos sobreviver a Londres, ainda incomoda a incerteza de quanto dinheiro voce vai ganhar. Pode ser muito, pode ser pouco, ninguem sabe.
Comparando a Steiner com outras empresas como a Royal Caribbean, ficam muitos pontos de interrogacao para tras. Um funcionario da Royal, por exemplo, trabalha 5, 6 meses, tem salario fixo e bem alto dependendo da posicao (a galera do entretenimento fatura uns 1500 dolares mensais, limpinhos), pode ate ter menos folga que o pessoal da Steiner, mas acredito que tenha muito menos despesas.

Entao, meus queridos, se voces querem ir com a Steiner, vao em frente, mas vao sabendo. Para mim, o verdadeiro estilo da Steiner que me foi revelado em Londres foi um verdadeiro choque. Passamos de "tudo bom, tudo bem, arrume suas malas, viaje o mundo, ganhe pra isso" para "voce faz o que eu mando, do jeito que eu mandar, ou vai embora para casa".

Entao fica aqui minha critica. Nao quero desmotivar ninguem, apenas abrir alguns olhos. O melhor a fazer e ir la e experienciar tudo isso voce mesmo, e tirar suas conclusoes. Pois toda experiencia e valida para um aprendizado, e o que ficou em mim de mais valioso foram os amigos
que fiz no caminho, e que nunca esquecerei. Desej-lhes muita sorte e forca, e que a gente ainda se encontre por esses mares.

Aos meus leitores e futuros tripulantes, que meu blog continue servindo de guia de referencia, tira-duvidas e tudo mais. Estarei sempre disponivel para seus comentarios e questoes. Agradeco a "audiencia".

Bons ventos os guiem!

Steiner London - Final - "Fly Away From Here"

E assim aguentei a rotina diaria, um dia parecia mais pesado que o outro, e a unica coisa que fazia meus dias valerem a pena era os amigos que encontrava na caminhada. E o cerebro nao parava de borbulhar com pensamentos confusos. Ora pensava, "isso passa, e so fase". Ora pensava "quero sair daqui, eu nao preciso fazer isso". "Vamos la, mais um dia so, voce consegue". Estava me sentindo parte de um grupo estranho de alcoolicos anonimos - "um dia apos o outro".
E toda aquela atmosfera opressiva da Steiner, combinada com um certo grau de indignacao, depressao e saudade dos meus queridos que deixei pra tras em casa tornou-se uma combinacao explosiva.
No dia que seria meu ultimo na Steiner, estava nublado e frio. A cada intervalo para o cafe, eu sentia menos vontade de voltar para a sala de aula. Estava dificil prestar atencao. Um no na garganta, o sorriso, se necessario, era o mais falso de todos.
E tudo terminou muito rapido. Minha treinadora olha para mim no meio de uma explicacao e pergunta se eu estou bem. Nao estava bem, estava quase chorando. E nao costumo ser assim.
Disse que nao estava muito bem, pedi para ir ao banheiro, ela deixou. Mas entao ela pediu licenca para a turma e veio comigo. Perguntou o que estava errado.
Entao veio a tsunami de dentro de mim, aquele monte de emocoes explodiu, transbordou, e nao havia nada mais que o represasse. Ela me ofereceu lencos de papel, esperou ate que eu conseguisse falar. E mostrando um grau de paciencia e compreensao raramente visto na Steiner, eu e minha treinadora concordamos que o melhor a fazer era eu voltar para casa. Ela teceu alguns discretos elogios, dizendo que eu era inteligente e capaz de fazer o trabalho de recepcao, mas nada disso adiantava se eu nao estivesse pronta para partir no navio. E completou a fala, dizendo que se eu quisesse retornar ano que vem e tentar de novo, as portas estariam abertas. Agradeci entre solucos, e depois dos procedimentos legais e papelada, voltei a sala para apanhar meus pertences, e minhas queridas colegas todas me olharam com ar de apreensao. Sem conseguir falar direito ainda, agradeci a companhia de todas elas e desejei sorte, e disse que estava indo embora, que nao estava dando certo. Agradeci a Tracy e sai.
Aquele rio feroz ainda corria em mim, mas a tempestade parecia estar passando a medida em que eu caminhava pela calcada para longe da Steiner. E cada passo era um tantinho mais de alivio.
Peguei o onibus sozinha de volta a YMCA, mas agora com a certeza de que sairia logo dali.
Deram-me 24h para sair da YMCA, ou seja, tinha uma noite para arranjar uma passagem de volta. Eu ja tinha uma passagem da Delta Airlines comprada de volta a Ohio, mas para o mes de janeiro. Liguei para o meu namorado em Ohio e o surpreendi. Disse que estava voltando para os EUA, que nao deu certo na Steiner. Ele fez mil perguntas, eu so conseguia dizer "quero sair daqui". Entao ele adiantou minha passagem de volta para o dia seguinte. Mais alguns telefonemas - casa, taxi para o aeroporto - e estava feito. Fiz minhas malas com grande satisfacao, so queria sair dali.
Na hora da janta, acho que algo em mim queria ficar sozinho sem falar com ninguem. Mas sabe o que dizem, amigos de verdade aparecem quando a gente nem sabe que precisa deles. Eu tinha sentado na menor mesinha do refeitorio, mas nao interessou. Andre, Maria Teresa, Gisele, Tino, todos se amontoaram ao redor da mesa, e conversamos por um bom tempo. E foi bom, foi uma energia positiva, e eu com minha saida tinha medo que eles se desestimulassem, espero que nao.
Um contraste ironico se passava naquele dia - enquanto eu ia para casa, varias pessoas receberam as informacoes sobre os navios para onde iriam em poucos dias, assim como a Maria Teresa.
O treinamento da Steiner nao e pra qualquer um. Tem que ser forte emocionalmente e engolir tudo o que ha de errado naquele lugar. Tem que aceitar ser mandado, tem que aceitar pressoes de todos os tipos, inclusive psicologica, e ter muita forca de vontade, e precisar desse emprego desesperadamente. Talvez me falte alguns desses requisitos, nao sei, mas nao me arrependo.
Fiquei feliz em ver varias pessoas sendo enviadas para seus navios, e a quem ainda resiste na academia, desejo muita forca e sucesso.
E eu, depois de encontrar muitos amigos no restaurante, recolhi-me ao meu "cubiculo" pela ultima vez, terminei de arrumar as minhas coisas e fui deitar, cedo ainda, so querendo que a madrugada chegasse logo, pois as 5h da manha eu estaria de pe fazendo o check-out.
No dia seguinte, decolar de Gatwick foi uma sensacao de alivio incomensuravel. Ver aquele 767 levantando voo e deixando Londres pra tras foi muito bom. E assim como acontecia dentro de mim, deixamos as nuvens para tras, e o sol comecou a brilhar outra vez.
E quando pousei em Cincinatti horas depois, ja me sentia em casa outra vez. Tudo bem que minha casa e no Brasil, mas aqui tambem e uma extensao do meu lar. E fazia calor, o sol brilhava. A comissaria de bordo anunciava, "and for those whose final destination is this city, welcome home.". Welcome home...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Steiner London Parte 3 - "Sim senhor, Senhor!" - Marchando com o Exercito de Branco

Um verso da musica "Somewhere Only We Know" da banda inglesa Keane ficava ecoando em minha cabeca - "Is this the place that I've been dreaming of?" A atmosfera toda daquele lugar me incomodava. La no inicio dessa piracao, sentados na nossa entrevista de selecao em Porto Alegre em 2008, achavamos o maximo ir a Londres para um treinamento da empresa. Uhu! Viajar, ter comida e acomodacao de graca, e se aperfeicoar profissionalmente. Quem vai recusar ne?

Minha critica reside no fato de a verdadeira realidade do treinamento ter sido deixada em segundo plano aos futuros Steiners. Ninguem nunca me falou da pressao sobrehumana que aqueles instrutores depositam sobre cada um. Ninguem nunca me falou da pilha de papel a ser digerida de um dia para o outro. E ainda fosse so trabalho, isso nao me assustava.
Mas de alguma forma, a "pedagogia" da Steiner Academy conseguia desmotivar muita gente, transformando voce em um ser pequenininho que so faz o que eles mandam ou e mandad0 para casa.

Olha eu ja trabalhei sobre pressao, ja tive quantidades enormes de trabalho e jornadas de lavoro e estudo que combinadas duravam 12h, ate mais. A diferenca entre o que eu estava passando no treinamento e a minha experiencia e que, ao contrario do que me parece acontecer na Steiner, eu sempre trabalhei em equipe. Voce me ajuda, eu te ajudo, a gente faz junto, se errar tudo bem, errando e que se aprende. Ja trabalhei em escolas, restaurantes, vi coordenadores pedagogicos saindo do escritorio para ajudar os professores a pendurar baloes, vi gerentes de restaurante carregando caixas e tirando po junto com os garcons, e coisas assim. E nem por isso havia menos respeito, e nem por isso o pessoal era menos qualificado.

Na Steiner, o negocio nao me pareceu ser trabalho em equipe, mas sim no esquema "eu-mando-voces-obedecem-ou-rua". Chegar 3 minutos atrasado na sala pode significar algum tipo de reprimenda ou humiliacao na frente dos colegas. Vi isso acontecer no segundo dia com um grupo de meninas, que adentraram a sala silenciosamente durante a chamada, e levaram uma rosnada da treinadora por estarem fazendo barulho com os cadernos - "You're late and your being loud!"

Para as recepcionistas, nao tenho criticas severas a nossa treinadora. Ela foi legal com a gente em varios momentos, mas seguia a politica quase nazista da Steiner, entao o problema no meu caso nao era a treinadora, mas a empresa. Havia quase uma inspecao diaria dos nossos cabelos e maquiagem - "you have to look your best" era o refrao repetido mil vezes.
Meninas, esquecam as presilhas, tic-tacs, piranhas, redes de cabelo, pregadores e sei la mais o que. Nao pode, nao pode, nao pode. Ou voce prende em rabo de cavalo e disfarca o elastico fazendo um penteado esquisito, ou compra aqueles bagulhos com cabelo artificial, ou enche a cabeca de grampos que nem a vovo usa. Programar uma meia hora de manha so pra fazer o cabelo vai ser parte da sua rotina.
E maquiagem, quilos e quilos. Quanto mais perua-baranga melhor. Nada de tons de pele. Eles acham lindo uma sombra verde-limao com batonzao vermelho-cereja e esperam que voce esteja sempre assim.

No meu terceiro dia, eu ja era uma pessoa diferente de quando cheguei no sabado anterior. Pisava cuidadosamente para nao quebrar ovos, ou por meu pe no lugar errado. O jeito engracado e animado dos brasileiros vai sendo substituido pela rigidez e seriedade britanica. A gente ate tentava fazer uma brincadeira, muitas vezes a brincadeira parecia um deboche ou ofensa, era tomada de forma negativa, e ninguem ria.

O uniforme, a maquiagem, o cabelo, me olhava no espelho e nao via a mim, mas a um produto da Steiner, do jeito deles. Diversas vezes por dia tentava sacudir a poeira, dizer vamos nessa, mais um dia, so mais um dia. Depois a gente acostuma. E so o comeco. Depois acostuma.
Recepcionistas tem que estar sempre sorridentes, mas eu nao conseguia muito alem de um sorriso falso. Nao tinha vontade de sorrir, tudo parecia tao opressivo e sufocante. Tentava ser positiva, achar forcas, mas estranhamente, retornar para a aula apos nossos intervalinhos de 15 min para o cafe tornava-se mais e mais dificil.

Aos poucos, a unica coisa boa na Steiner eram os amigos que fiz. De todos os cantos do mundo, vinham e perguntavam como voce esta. Alguem se importa, alguem quer que voce aguente firme, e continue. Essa era minha forca. (com cedilha, esse computador nao tem cedilha nem acentos, ta!)

E o meu Red Bull diario era reencontrar o pessoal no cafe da manha e na janta, a bagunca da galera brasileira (embora um tanto mais contida agora), foi isso que me manteve la durante aqueles dias.

Porque a rotina era dura. Acordar as 6h da manha, passar uma meia hora fazendo cabelo e maquiagem, passar o uniforme, pegar as coisas e descer para o cafe, encontrar o pessoal mas pouca conversa, o cafe da manha tinha de ser aspirado rapidinho pois o onibus iria passar, e se perdessemos o dito cujo, estavamos fritos. Sair correndo, la fora um frio do caramba, as vezes com vento e chuva, e a gente de uniforme de manga curta e tornozelos de fora, embrulhadas apenas num casacao que depois teriamos que tirar para entrar na sala de aula.

No onibus, todo mundo estudando, tentando digerir aquelas quantidades enormes de informacao. Rapidinho chegavamos, comecei a pegar aversao pela tal de Uxbridge Road.
Uma corrida ate a frente da Steiner, mais frio e vento. Varias vezes tivemos que ficar esperando la fora ate que alguem abrisse a porta. E a porta, uma vez aberta, abria espaco para mais preocupacoes, ansiedade, e para mim, significava tambem entrar mais uma vez naquela atmosfera escura e pesada que pairava por aquele labirinto de paredes brancas e limpeza impecavel.

Um intervalinho pela manha para um lanche rapido, mais tarde, uma hora de almoco, e mais tarde, outro intervalinho. Leve seu lanche, ou compre da cafeteria deles. Eu ate gostava da cafeteria, a menina que atende e simpatica e as coisas ate que sao baratas, mas nao enchem barriga. E se voce nao tem seu proprio lanche, nao tem outra escolha. Em volta da Steiner, so tem mato e estradinhas que voce nao sabe onde vao dar. Em algum lugar a uns 10 min de caminhada tem uma lojinha, um posto de gasolina, sei la, voce nao vai ter tempo de ver, mesmo.

E se voce sobreviveu ao dia, ainda tem mais. Terminadas as aulas, eh hora da limpeza. Sim, senhor. Limpeza. Cada um dos alunos e obrigado a limpar ao menos sua sala. A galera da recepcao limpava a sala onde ficavamos, do chao as janelas. Tirar lixo, fazer lavanderia, varrer, o pacote todo. Sei que outros alunos eram escalados para limpar o resto do predio, ate os chuveiros, e nao tenho certeza mas acho que ate os banheiros. (Isso os recrutadores nao contam na entrevista ne!? E voce ja assinou um papel dizendo que concorda com limpar as instalacoes do SPA...)

Terminada a limpeza, ainda nao pode ir embora. Todos descem para a cafeteria e aguardam que um treinador venha e libere todo mundo. Que nem no colegio, la no ensino medio. Para mim, a cereja no doce. O fim da picada. O cumulo dos cumulos. Uma clara demonstracao de poder e manipulacao sobre cada um de nos. Voce faz o que eu mando, e apenas o que eu mando. Voces vao embora quando eu achar que podem. E se nao for assim, a porta da rua e serventia da casa.

Uma vez autorizada nossa saida, uma imagem um tanto surreal e por vezes, divertida. Os jardins da Steiner eram tomados por um exercito de branco que marchava junto ate a parada de onibus, tomando as estreitas calcadas de Harrow Weald e lotando os onibus vermelhos double-decker.
Na multidao, identificava rostos conhecidos, havia um certo alivio em muitas daquelas faces, mas nunca por completo. Na volta, alguns conversavam, outros estudavam, outros como eu apenas olhavam longe pela janela desejando estar em outro lugar. Perguntando-se se era melhor desisitr, tentando achar forcas para continuar.

E eu nao me acostumava com nada daquilo, na viagem de volta, eu sempre tinha vontade de chorar, de desistir, pegar um aviao e sair daquele lugar. Mas continuava caminhando.
O onibus anuncia Watford High Street, hora de descer. Agora o exercito de branco se espalhava pelas ruas. Nao era nem 18h, todas as lojas estavam fechadas. Ate o Burguer King. Na YMCA, a janta terminava as 19h. Entao o negocio era correr.

Deixava meus colegas para tras e apertava o passo, largava minhas coisas no quarto, trocava de roupa e ia jantar. As vezes eu chegava e ia direto jantar. Um alivio rever o pessoal, conversar sobre o dia, mandar a mer** as regras e ate falar em portugues. Comida ruim. Ou tinha pimenta de derreter o prato, ou nao tinha gosto. Oferecem quatro pratos quentes, voce so pode comer dois. Que nem crianca - ou bala ou pirulito. Mas quando a fome bate, voce come, nao interessa. A sopa ate que era bem boa. A janta e mais tranquila, da tempo de uma conversa com a galera.
Depois eu subia para meu cubiculo, rapidinho, e pegava o laptop. Todos faziam isso.
Na sala perto do restaurante tem internet wireless de graca, e so conectar. Se voce nao tem computador, eles tem umas carrocas velhas la que da pra usar por 20 min por vez. Entao depois da janta era sempre hora de falar com a familia, amigos, colocar fotos no orkut. Todo mundo querendo saber como estava o treinamento, eu nunca tinha muita coisa pra dizer.

E com o passar dos dias, a "hora-internet" era cada vez mais curta. Era preciso fazer "o tema de casa", que nao era pouco. Eu me confinava no meu quartinho com minhas colegas de quarto, todas estudando. Ignorar o cansaco, fazer render as poucas horas livres que voce tem. Tomar banho era um desafio, o chuveiro em condicoes suspeitas era do tamanho de uma caixa de sapato e nao tinha agua quente depois de uma certa hora da noite, nem de manha cedo. Cerca de 23h, iamos dormir, para acordar as 6h da manha no outro dia e fazer tudo de novo.

Havia horas em que aquilo tudo me sufocava, e meu unico alivio era dormir e sonhar que estava em outro lugar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Steiner London - Parte 2 - Induction Day

Pois chegou o dia, finalmente. Induction Day, o primeiro dia do treinamento. Na manha de segunda feira, junto-me ao batalhao de novatos com seus despertadores tocando as 5h da manha e seus terninhos bem passados. Ai ai ai, nao pode chegar atrasado. Lembra daquela frase dos livros de historia, "The sun never sets on the British Empire" ? Olha que eu descobri de onde que eles tiraram essa. Pois nao e que o Rei Sol vai dormir as 21h30 e levanta as 4h30 da manhano Reino Unido? Um negocio sobrenatural!

Entao vai com a galera! O cafe da manha (e como eu aprenderia depois, a maioria das refeicoes) nao e feito para ser degustado. Apenas ingerido. Alem de a culinaria inglesa ter la sua fama (a comida eh ruim mesmo!), nao ha tempo para cafezinhos na frente da TV. Entao simplesmente engulo meu desjejum matinal e saio deitando os cabelos para a parada de onibus.

A parada fica bem na frente da YMCA, voce pega o onibus que se chama 258 to South Harrow. Sim, daqueles vermelhoes de dois andares. E o bicho fala. Cada vez que algum vivente sobe, voce escuta, "two-five-eight, to South Harrow". Mas nao tem como se perder. Vai aproveitando o passeio e toca a campainha quando voce ouvir "Uxbridge Road". Ali fica a Steiner Academy.
Mas tem sempre uma galera, entao e so seguir o pessoal.

Chegamos na Steiner, nao certos sobre como se comportar. Todo mundo arrumadinho, bastante tenso, curioso, as emocoes se misturavam. O jardim da Steiner em principio tem sua beleza, mas suas formas tao rigidas e controladas tornavam aquele lugar estranhamente incomodo. O mesmo era verdadeiro para a propria mansao onde fica a Steiner. Tudo certinho demais.

O primeiro dia foi facil, comparando com o que estava para vir. E ja cheguei me estressando - tinha que pagar a taxa de 275 pounds, e meu banco fez o favor de resolver complicar minha vida - so tinha 200 pounds na mao. Catei na bolsa, achei mais 45 pounds. Cheguei para o pessoal do administrativo e relatei o problema, perguntei se seria possivel o pagamento da quantia restante ser feito durante a semana. A resposta? Um olhar frio de renguear cuzco, e a sentenca - "Venha ao meu escritorio amanha e me diga quando vais ter o dinheiro, e nos vamos ver se voce vai ficar no treinamento." Essas foram as boas-vindas no bom estilo Steiner.

O que aconteceu? Me mexi, fui pedindo que nem mendigo pros colegas e arrumei os 30 pounds restantes. Ufa! Tudo certo.

Levem uma boa pasta. Papel e poligrafo eh o que nao faltara. Ja no primeiro dia saimos soterrados. O primeiro dia, alem da entrega dos documentos, papelada, exames medicos, grana, uniformes, etc etc, e tambem o dia em que a chefe do treinamento, Penny, faz uma palestrinha dando uma geral sobre a Steiner. Logo nos primeiros dias tem prova.

E ja estava me irritando - a tatica na Steiner era ameacar de mandar pra casa caso nao fizessemos as coisas do jeito deles. Voce vai ouvir isso muitas vezes. Nem sempre e serio, mas todo mundo acredita. E acontece - vi gente ser mandada embora mesmo.

O primeiro dia foi tranquilo, mas aquela sensacao de desconforto continuava em mim. Uma energia pesada pairava naquele lugar, nao sei. Os veteranos do treinamento, ninguem sorria. Perguntados sobre como estava indo o treinamento, todos respondiam um fraquinho "It's alright." Mas ja que estamos aqui, vamos nessa.

domingo, 17 de maio de 2009

London (there and back) - Sobre o treinamento na Steiner parte 1

E entao parecia um sonho meio pirado. Sete horas de voo me separaram de Ohio e de muitas coisas de meu coracao que deixei para tras, quase a contra-gosto. E essas mesmas horas puseram meus pes em Londres, na famosa Londres, aeroporto de Gatwick. Eu e minhas malas sem rodinha. Sabe aquela historia de que e boa ideia levar uma mala dobravel? Pode ate ser, mas escolham uma com rodinha. Ou uma hernia na coluna. (risos)
Fazia sol em Londres e todo mundo dirigindo do lado errado da estrada (que pra eles e certo!). O lado que vem, vai. O lado que vai, vem. E nem se fala no motorista do lado virado do carro. Cheguei, e a hora Steiner se aproximava.
Podia ter pego trem, onibus, alternativas economicas. Mas eu me conheco, depois de horas num aviao, nao estava muito afim de me perder no metro de Londres com minhas malas com alca e sem rodinha. Vou de ta-xi, ce sabeee....
Entao chegamos a Watford. La, fica o nosso alojamento, a YMCA. Os arredores me lembravam o centro de Porto Alegre em suas cores cinzas e em sua dinamica. O predio, porem, e bem localizado perto das linhas de onibus e cercado por um shopping e muito comercio. Territorio dos alunos da Steiner, claro. La, ha andares inteiros reservados para "os Steiners".
Entao cheguei no meu quarto. Fui sorteada com o menor quarto da YMCA aparentemente. Do tamanho de um corredor, acumulava dois beliches, quatro pessoas, nenhum roupeiro. Alem de uma pia e uns espelhos e muita bagagem espalhada pelos cantos, nada mais havia la dentro de interessante. Limpinho, ate decente, mas meio claustrofobico. Banheiro coletivo, chuveiro tambem, condicoes meio suspeitas. Arrumei minhas coisas do jeito que deu, ainda me sentindo um pouco deprimida, pois odeio despedidas, e ha algumas que doem mais que outras. Mas estava feito, era encarar e seguir em frente no desafio.
Meu treinamento so comecaria na segunda, e isso era um sabado. Cheguei antes pra me acostumar com o fuso horario de 5h na frente do nosso, e conhecer o lugar e a galera. O predio vazio, estavam todos na aula, na Steiner. Dei-me conta de como e dificil o inicio, mas tambem quao importante sao os amigos.
Mais tarde, na hora da janta, fui aos poucos reencontrando minha galera. Andre, Maria Teresa, estavam todos la, felizes em me rever, e foi muito bom ve-los, mesmo. Conheci outros brasileiros que ja me conheciam so pelo blog. Juntou uma turma no restaurante, foi o que precisava para eu me animar. Ate rolou programacao para o dia seguinte - glorioso colega, Tino, ofereceu-se de guia para conhecermos o centro de Londres e seus marcos historicos.
E talvez aquele domingo tenha sido o melhor dia que tive la. Caminhamos por Picadilly Circus, andamos no famoso metro de Londres, perambulamos pelos arredores do Palacio de Buckinhgam com direito a assistir a troca da guarda.
Nao imaginava o tamanho da torre de babel que se acumula em volta do palacio toda vez que ocorre a troca da guarda. Milhares de pessoas de todos os cantos do mundo se amontoam para ver os guardas da rainha e suas roupas engracadas marchando esquisito. E la estava eu!
De inicio e muito legal, voce enxerga a tropa chegando e tocando musica, marchando, entrando no palacio. Depois fica chato (risos!), eles so ficam la parados um tempao, tocam umas musiquinhas e...o que acontece depois eu nao quis saber pois tanto eu quanto o Tino e minha colega da Africa do Sul, Monica, ja estavamos cansados e entediados e afim de deitar o cabelo.
Proxima parada, Big Ben. Eu achava que o benhe era maior do que me pareceu, mais ainda assim foi muito, muito legal ver esse cartao postal ao vivo. A Abadia de Westminister, a Ponte sobre o Rio Tamisa, e do outro lado, a moderna London Eye. Bem coisa de turista...
Caminhando por baixo da London Eye, eu parecia que estava babando. O Tino me cutuca o ombro e diz, "Lauren, tira foto...tu ta hipnotizada ai!" =))
Um almoco rapido numa loja do Subway e seguimos para encontrar uma amiga do Tino. Juntos, todos fomos ao lugar mais pirado de Londres. Uma mistura ecletica de hippies e punks cada um com sua lojinha de artigos variados, tudo na paz. Desde perucas, espartilhos, piercings ate comida brasileira. Compra-se de tudo la. Foi um contraste interessante visitar a Londres formal e pomposa, e a Londres hippie-punk e maluca. Curioso? Entao va ate esse lugar chamado Camden Town. E divirta-se!
A galera exasuta de tanto caminhar, era hora de voltar, com direito aqueles buses vermelhos de dois andares.
Entao mais uma licao do "English Way of Life" ~ dia de semana, principalmente, tudo fecha as 5h da tarde, por ai. Ate o Burguer King. E a janta na YMCA e ate as 19h. Se voce perder um ou outro horario, fica de barriga vazia. Eu e a Monica chegamos na YMCA as 19h30, com fome. Fomos parar num McDonald`s que estava quase fechando. Nunca um BigMac sentou tao bem na barriga.
Entao ta, fechava-se assim um grande domingo em Londres. No dia seguinte, a iniciacao na Steiner. Tchan-tchan-tchan tchan....esperar para ver.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Embarcar no vôo da sua vida (Sobre o treinamento em Londres e a grana!)

Olá meus queridos marinheiros
Sei que não atualizo esse blog já faz um tempinho. Bastante coisa mudou em relação ao meu treinamento, agora serei enviada em 11 de Maio para Londres. A história é bem maluca. Hoje escrevo da cidadezinha de Springfield, Ohio, nos Estados Unidos. Cheguei aqui em 11 de Março, para passar dois meses com meu namorado, que é americano.
Sai de Porto Alegre num vôo da TAM até Miami. Decolei do Salgado Filho, era para eu voltar em Maio. Mas o coração sabia que eu não iria voltar, e chovia em meus olhos. Na mala, levei muitas lembranças, os sapatos brancos para a Steiner, coisas misturadas de inverno, verão, e uma passagem de volta que não vou utilizar.
Essa viagem de Porto alegre até Columbus, OH, foi bem longa. Fiz escalas em São Paulo, em Miami troquei de empresa aerea, depois parei em Houston e finalmente em Columbus. Mais uma hora de carro e estava feita a viagem. Em Houston, entrei na internet em uma maquina que apelidei de "orelhão de internet", voce coloca dinheiro e (em pé) consegue acessar a net por alguns minutos. E que hora pra receber um email da Steiner. Eu, em escala lá no aeroporto em Houston, recebo a noticia que meu treinamento outrora acertado para Agosto, fora transferido para 11 de Maio. Uma noticia boa e ruim - exatamente no dia 11 de maio eu pousaria em Porto Alegre. Mas vou antes para Londres, talvez ainda encontre alguém da minha "tchurma" do STCW.
Essa turma está totalmente espalhada agora. Alguns em Porto Alegre e São Paulo ainda, fazendo as malas. Uma galerinha já está dando duro em Londres. Eu, aqui nos Estados Unidos. Já comprei minha passagem para Londres - apenas 500 dolares ida e volta pela Delta Airlines. Barbada!
Mas bem, hoje escrevo sobre dois motivos. Recebi no orkut muitas perguntas sobre o treinamento, acho interessante postar aqui algumas coisas que meus colegas que recém chegaram em Londres disseram.
O Flávio, fitness instructor, escreveu assim:
"Hoje foi o primeiro dia! muita correria e muita apreensao! Hoje ja recebemos tipo uma apostila pra ler e na quarta devemos ja fazer uma apresentacao ou um tipo de teste. Amanha temos o teste sobre o starter pack. estuda aquelas paginas que falam sobre os orgaos e o seus sintomas de intoxicacao!
Tem uma manha pra pegar um onibus direto do aeroporto pra Watford Junction que fica ha umas 3 quadras da ymca!
E te prepara - all guys with no exception say: our training is the worst of entire steiner. Ate mesmo uma das apresentadoras. Ela foi falando sobre os cursos das profissoes e quando chegou no fitnes ela disse : and the fitness... wooooowwww i`m sorry for you people... hehehe dai tu imagina. Mas os caras falaram que e dificil mas se tu te esforcar , no problem!. ok bye!"
Ele ainda relatou um fato que muitos profissionais devem estar sentindo - insegurança quanto a sua habilidade lingusitica no Inglês. No início, para quem tem um nivel basico-intermediário, o negócio é trabalhar duro.
Eu sou originalmente graduada em Letras/Inglês, ensino é minha praia. Para quem está com medo do "Ingles Britânico", não vou dizer "relaxem". Primeiro, não custa dar uma polida no inglês aqui no Brasil. Entrem em um intensivo de conversação, estudem o vocabulário basico da sua profissão, frases de cortesia tipo o "how may I help you sir / ma'am?" e procurem material. Põe no goooogle "EFL Exercises" e vão achar toneladas de coisa. Quem tem tv a cabo, taca ficha. Coloca lá na BBC. E tem mais. Chegando em Londres, não te refugies em uma bolha e fique falando só em Portugues com brasileiros e afins. Teu inglês vai ser uma das tuas armas de venda no navio, quanto mais souberes, mais tens a capacidade de vender.
Outro tópico que me interessa é uma certa polêmica que tem aparecido com insistência nos fóruns da comunidade da Steiner no Orkut, "Viaje o Mundo e Ganhe pra Isso". O nome da polêmica é "grana". Todo mundo está ansioso para saber - quanto se ganha no primeiro navio?
Opiniões diversas. Alguns dizem que se ganha pouco, dão relatos negativos. Outros, hiper-emplogados, dão testemunhos super encorajantes.
As recepcionistas (minha tchurma) ficou boiando quando recebeu a notícia que não mais receberíamos salário fixo, mas seremos pagas em comissão assim como todos os profissionais.
Olha, entendo que existem muitos gastos envolvidos até finalmente conseguirmos entrar no navio. Pra se ter uma idéia, gastei com o visto americano e a consequente viagem até São Paulo para obtê-lo. Gastei com passagem, comida e hospedagem no Rio de Janeiro para o STCW (mas a Steiner pagou integralmente o curso em si). Gastei com a passagem para Londres, e ainda vou gastar com algumas taxas na Steiner Academy e despesas pessoais em Londres. Mas em Londres a Steiner cuida da hospedagem, comida e estudo. Olha, é uma troca. A empresa gasta bastante com cada um dos "treinandos", gasta mais ainda quando alguém desiste e desembarca no meio do contrato.
Mas a galera quer saber - os ganhos no navio compensam essa gastança toda? Digo que muito depende de cada um. Existem navios e roteiros melhores que outros, o que relamente faz a diferença, acredito eu, é a atitude e personalidade de cada um. Você vai pensando só no dinheiro? Quantas vezes você já entrou em um emprego no BRasil achando que ia ganhar uma quantia x e acabou ganhando menos do que pensava? Qual foi a última empresa "perfeita" em que você trabalhou?
Pois então. Não existe um emprego "perfeito". Pode ser que você ganhe muita grana na Steiner, pode ser que não ganhe tanto quanto pensava. Agrada-me a idéia de trabalhar em um escritório que muda de lugar (e de país) todos os dias. A Steiner, assim como todas as empresas, tem seus lados bons, outros nem tanto. Não acho que alguém deva desistir de tentar uma vaga a bordo por ter lido um relato negativo de alguém que passou por essa experiencia, ou ficar emplogado demais por ler um relato megapositivo de outra pessoa.
Deve ser o mesmo que aconteceu quando fiz uma viagem de intercâmbio ao Canadá. Teve gente que adorou Montreal. Eu realmente não curti Montreal nem um pouquinho.
Vai, mas vai pela aventura. Vai pela chance de ter uma chance. Vai para testar teus limites, encarar teus medos, vai para ver o quão forte és. Vai para descobrir novas habilidades, fazer novos amigos, para entrar num avião, num navio, para ver o mundo, criar histórias, lembranças, credenciais no teu currículo. É melhor se arrepender por algo que fez do que por algo que deixou de fazer. E quem disse que é certo que tu te arrependas? Aí está o x da questão - você não sabe o que vai acontecer.
Assim como descobrir Montreal foi uma experiencia diferente para cada pessoa do meu grupo de viagem, encarar um emprego como esse que a Steiner oferece, acredito eu, será uma experiencia individual. Você tem que ir para saber. Vai sem expectativas, como se diz, "go with the flow", vai com a maré, vai só para ver o que acontece. O primeiro contrato é tanto uma experiencia para o tripulante quanto para a própria empresa. Será que vão se acertar? Será que vou gostar do meu emprego? Vou aguentar ficar longe da minha família? A única forma de saber, canta Lauryn Hill, é caminhar, aprender, e crescer.
Continuarei postando notícias dos meus comparsas que já estão em Londres. E logo chegará a minha vez.
Enquanto isso, fico aqui em Springfield, Ohio, vendo se consigo encontrar o Homer Simpson. (hehehe)
Abraços!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sem Medo de Injeção! - Vacinas necessárias para o treinamento em Londres

Olá pessoal, hoje é dia de falar sobre um dos requisitos da Steiner que é importante observar antes de começar o treinamento em Londres. Se você já é feliz e está se preparando para embarcar, parabéns. E essa dica serve até pra quem não vai trabalhar com a Steiner.

Galera, vacinem-se. Mas nem por isso paguem uma fortuna pelas agulhadas. De acordo com o que informa a Steiner, nós futuros "Steiners" precisamos tomar a vacina da febre amarela, da rubeola, sarampo e caxumba. Se você manteve sua carteira de vacinação em dia quando era criança, provavelmente já tomou a vacina do sarampo e várias outras.

Mas se não tomou, não lembra, perdeu a carteira, sem pânico! Vacina não faz mal, se precisar tomar de novo, não tem problema. E o melhor - é de graça. Nada dessas clínicas particulares...tem uma aqui em Porto Alegre que cobra 100 reais pela vacina da febre amarela.
Vá a um Posto de Saude. Procure o posto de saúde do bairro ou região onde você mora e explique seu caso, diga quais as vacinas que você precisa. Todos nós temos direito de receber vacina do governo, e de graça.

Eu fiz isso, fui até o posto aqui do meu bairro, disse que precisava tomar vacina pois iria viajar, e sem demora eu já estava aguardando a minha vez de entrar na agulha. Nem precisei preencher ficha ou esperar na fila muito tempo, foi só chegar lá e pedir as vacinas. Aplicaram-me a M.M.R. e a vacina da Febre Amarela, uma em cada braço, de uma só vez. A Febre Amarela foi a que doeu mais (heheh). Depois carimbaram minha carteirinha e estava feito. Resolvi o problema e não gastei um tostão.

Depois, precisando ou não, achei melhor garantir para o futuro caso eu viesse a precisar, e resolvi providenciar minha carteira internacional de vacinação. Também foi de graça, só me custou sola de sapato. Pra quem quiser fazer a sua, funciona assim:

Procura o posto da ANVISA na tua cidade. Geralmente tem nos portos, aeroportos e postos de fronteira. Aqui em Porto Alegre, tem um no Cais do Porto e outro no Aeroporto Salgado Filho.
Eu fui no Cais do Porto. Aquele lugar me dá arrepios, parece até mal-assombrado. Ainda por cima estava nublado =) Para quem conhece ou não, é fácil chegar. Alí na Av. Mauá tem aquele portão por onde a gente entra quando vai fazer o passeio de barco do Cisne Branco. É só entrar lá e ir caminhando para a direita, até o fim. Tem um último armazém que fica perto de uma doca, logo se vê uma plaquinha da Anvisa, é ali.

Precisa levar tua carteira de vacinação e um documento de identidade com foto. Eles fazem um cadastro e logo imprimem teu documento. Eles geralmente só emitem o certificado de vacinação internacional da Febre Amarela, mas se você pedir com jeitinho eles te conseguem de outras vacinas também.

E com tudo na mão, é missão cumprida. Não tem mistério, gente. Procurem os postos de saúde e só gastem com clinicas particulares se por acaso não conseguirem se vacinar nos postos.
Vale lembrar que em Londres, caso seja necessária alguma vacina que não estava no "script", a Steiner fornece, mas já é bom adiantar tudo por aqui.

Só não vale ter medo de agulha.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Expedição São Paulo - Parte 2 - A entrevista

E como dizem aqui no sul, com tudo pronto, fui para São Paulo "de mala e cuia". Verifiquei umas quinhentas vezes minha documentação para certificar que estava tudo lá.
Peguei um vôo da GOL no domingo dia 8/2 saindo daqui de Porto Alegre para Guarulhos, já que para Congonhas era o dobro do preço (e não sou muito fã da sensação de estar pousando dentro da sala de estar de alguém!). Um segredinho - a GOL oferece ônibus transfer gratuito para Congonhas para seus passageiros. É só apresentar seu cartão de embarque para o motorista.
Achei prudente chegar um dia antes, pois minha entrevista seria na segunda feira de manhã.
Nosso 737-800 circulava o aeroporto de Guarulhos por entre nuvens de chuva que davam um suspense ao momento. "Tripulação, preparar para pouso". "Senhores passageiros, dentro de instantes pousaremos no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Apertem seus cintos, travem suas bandejas e coloquem as poltonas em posição vertical...."
Tudo prontinho, a pista do aeroporto se aproximava cada vez mais. Preparei-me para o solavanco do trem de pouso alcançando o chão e para a travada, mas então...uma subida brusca e o avião arremete, abortando o pouso. "Ué, não vai pousar? Tem alguma coisa na pista?" Um stress geral, a galera imaginando o que tinha acontecido. E ninguém falava nada. Subimos de novo e a aeronave começou a circundar a cidade mais uma vez. Uma volta longa e chegamos de novo no aeroporto, mas por outro lado. Tive a impressão de ser um aeroporto diferente (rsrs). Dessa vez pousamos mesmo. Pontos de interrogação na cabeça de todo mundo. Então o comandante se pronuncia, explicando que havia "ventos de cauda acima da velocidade permitida pela GOL", por isso arremeteu e pousou em outro lado da pista, ou algo assim.
Pequena dose de adrenalina a parte, chegamos em Guarulhos e pegamos o ônibus da GOL para Congonhas ( é de graça). Levou cerca de uma hora a viagem. Não sabia que era tão longe (risos!).
De lá, pegamos um taxi até o hotel. A dica é pegar um taxi pré-pago, em Congonhas tem uns guichês para isso. A Radio Taxi Vermelho e Branco (11) 3146400 foi o que a gente escolheu. Deu uns 40 reais até o hotel.
Agora, dica de hotel! Fiquei no classudo Intercity Premium Berrini, no Brooklin Novo. Mas nem por isso paguei uma fortuna. Dei sorte de fazer minha reserva pela internet, pagando a bagatela de 100 reais a diária, com café da manhã e internet grátis no quarto. Além de ser um quatro estrelas, o hotel tem piscina, academia e um restaurante nota dez, onde dá pra almoçar e jantar (pagando extra, claro). E o legal é que se você não conhece a cidade ou não é afim de ônibus, o hotel oferece um serviço de transfer - motorista em carro particular que cobra o mesmo que táxi, as vezes menos, e é de extrema confiança. Eles nos levaram no consulado americano, não deu muito caro.
Show de bola. É só colocar no google que vc acha. Mas para quem tá com preguiça, o Intercity Premium Berrini fica na Rua Alcides Lourenço da Rocha, 136, e o telefone é (11) 2137 45 00.
Bem, no caminho para Congonhas, fazia um sol de rachar coquinho e muito calor. "Vou chegar no hotel e cair na piscina", pensei. Foi eu pensar nisso que não passaram nem quinze minutos e começou a cair um temporal daqueles. (Pobre quando tem a sorte de ficar em hotel quatro estrelas com piscina, não consegue aproveitar a piscina porque chove. rsrs...)
Como dizem em São Paulo, "Então..." depois de curtir uma chuva vendo TV no hotel, chegou a hora de curtir uma fila no Consulado. A entrevista era as 10 da manhã, sorte a minha que cheguei uma hora e meia antes. O Consulado fica na Henri Dunant, 500. Como relatei no meu post anterior, só entra quem vai fazer visto, então minha mãe teve que esperar do lado de fora. Na entrada, tem a primeira fila, no pátio mesmo. Ela vai e vem e vai de novo, isso que tinha pouca gente. Tem uns seguranças pit-bull para os quais você tem que abrir a bolsa, e tirar dela qualquer aparelho eletrônico, desde celular até mp3 e calculadora. Eles dizem pra você ficar com aquilo na mão até entrar. Nessa mesma fila, tem um pessoal orientando (no "berro-fone") sobre como preencher a papelada, organizando e grampeando tudo. Eles também te ajudam com dúvidas e o que você quiser saber.
De pouco em pouco, quem esta na fila número 1 vai entrando. Passa pela segurança, deixa com eles os aparelhos eletrônicos e recebe uma senha para retirá-los na saída. Dai tem uma máquina de raio-x igual a do aeroporto, e se o negócio não apitar, você pode seguir até o pátio interno por uma linha amarela pintada no chão que te leva até um "barracão" onde tem uma galera esperando. Você chega num primeiro balcão e eles te atendem sem olhar na tua cara, grampeam teus documentos e te dão uma senha. Dai, se tiveres sorte vais esperar sentado.
Na tua frente, tem um monte de cabine que mais parece bilheteria de cinema, e numas plaquinhas aparece o número da senha a ser chamada. A primeira "fila" é para a pré-entrevista, onde finalmente alguém conversa direito com você. Falei que queria um visto C1D junto com um visto B2 de turista, apresentei toda a papelada da Steiner e os formulários. A moça verificou tudo e disse que eu teria que pagar mais 300 reais para fazer o visto B2 (essa facada eu já previa. Não entendi como meu caro colega da Steiner conseguiu fazer o B2 de graça. Chato!! rsrs). Tem um caixa não do citibank, mas do próprio consulado, onde você pode fazer esse pagamento.
Tá, fiz o pagamento e voltei lá, ela conferiu todos os documentos e ficou com a papelada toda e com o passaporte, e disse para eu aguardar ser chamada para tirar as impressões digitais.
Achei um cantinho pra sentar, e lá fiquei por quase uma hora. Fiquei quase vesga tentando ver aquele monte de número piscando em uma TV, esperando minha vez. Dai quando finalmente me chamaram, fui tirar as digitais. Mas nada de tinta grudenta nas mãos - eles tem um tipo de scanner ficção científica em que você põe a mão e pronto. Feito isso, achei que estava inscrita para mais uma hora de chá de banco. A próxima fase era a hora da verdade, a entrevista do visto propriamente dita. Sorte a minha, mal encostei o traseiro no banco, lá estava minha senha sendo chamada.
Sorriso colgate, tentei disfarçar a cara de terrorista e a bomba que carregava na bolsa (até parece...) e lá fui. O cidadão olhou minha papelada, e perguntou em português o que eu faço aqui no Brasil. Respondi que sou formada em Letras e dou aula no SENAC. "Aula de quê?", perguntou. "Aula de inglês". Dai começou o teste. O cidadão começou a falar em inglês, pra ver se eu era mesmo profe de inglês. "And what are you going to do on the ship?" (o que você vai fazer no navio?) "I'm going to be a spa receptionist" (respondi que vou ser recepcionista de spa).
Perguntou ainda para que navio eu vou. Disse que ainda não sabia, falei sobre o treinamento em Londres e tudo mais. Então ele só sacudiu a cabeça e disse, em inglês, que agora só faltava pagar o sedex. Ansiosa, perguntei se ele me daria os dois vistos, o C1D e o B2, e ele disse que sim. Peguei a papelada do sedex, agradeci e saí antes que ele mudasse de idéia.
Preenchi o envelope do sedex e sai para a fila número 3. No caminho, peguei de volta meu mp3 com a segurança. Então sai até o guichê do sedex, que na entrada tinha uma fila de 10 pessoas. Bem, as 10 pessoas haviam se multiplicado em progressão aritmética, e agora a fila encostava do outro lado do pátio. Mas agora estava tudo bem, meus vistos estavam aprovados e dava para relaxar e aproveitar a fila e sol na cabeça sem stress (risos).
Meu passaporte, assim como todos, ficou no consulado para eles colocarem o visto. Por isso, tem que pagar o sedex. Para mim, deu 39 reais até Porto Alegre. Dizem que em cerca de seis dias úteis, estarei recebendo o meu passaporte com o visto em casa. Bom, estou no aguardo.
A notícia da aprovação do visto foi um alivio geral para quem ficou esperando do lado de fora. E fica a dica - aproveitem o respaldo e o nome da Steiner para passar a confiança necessária para eles te darem um visto de turista sem problemas. Várias pessoas que foram exclusivamente pedir o visto de turista saíram choramingando um "negado" carimbado na testa. O negócio não é fácil, mas a carta da Steiner facilita pra caramba. Eu tive que pagar mais uma taxa, meu colega não. Creio que o procedimento padrão é pagar, então vá preparado.
Feliz e "vistada", fui almoçar no Shopping Morumbi, que fica a uns poucos minutos dalí. Aproveitei para passear um pouquinho, e relaxar. O lugar é uma "cópia ampliada" do nosso Barra Shopping Sul, muito legal.
Depois, utilizei o transfer do hotel para ir até o aeroporto. Fiz um negócio meio esquisito comprando com meu agente de viagens a ida com a GOL e a volta com a polêmica OceanAir, pois o horário do vôo de volta convinha; porém só então me fraguei que a OceanAir não tem ônibus transfer. Então paguei cem pila pra chegar até Guarulhos. O paciente motorista do hotel cruzou a cidade da garoa na hora do rush, nos mostrando a cidade e contando histórias sobre os locais por onde passávamos. Adorei rever a Estação da Luz, ainda que de longe. Visitei o lugar há algum tempo com uma excursão da faculdade, vimos na ocasião o Museu da Língua Portuguesa e o MASP. O que São Paulo deixa a desejar no trânsito, arrasa em termos de museu.
Comparação OceanAir x GOL
Saímos do hotel às 18h30, e chegamos em Guarulhos as 20h. Tempo suficiente para chegar de Porto Alegre até Gramado...Check-in feito, o vôo decolava as 21h. Deu tempo para uma torrada a preço de ouro.
Fui ao portão de embarque curiosa para ver se tudo aquilo que tinham dito de ruim sobre a OceanAir era ou não verdade. Pontualmente, começamos o embarque - em um ônibus. Brinquei com a galera - "vamos assim até Porto Alegre, de pé no ônibus!". O tal busão nos levou até o meio da pista, onde o tal MK28 da OceanAir nos aguardava. Grande visão, ficar bem do lado daquele baita avião. Teve gente que até foto tirou.
Subimos, eu preocupada em achar meu assento. Mas aí o negócio foi meio "a bangú", vi algo que nunca tinha visto. No alto-falante, o aviso: "informamos que os assentos neste vôo são de livre escolha". Não gostei muito. Tinha gente nos nossos assentos, e fomos parar lá atrás, perto da turbina. Tudo bem.
Sentei onde deu. A aeronave, mais espaçosa, parecia legal. A tripulação acomodava os passageiros, um pessoal bem atencioso e gentil. Tive que rir do gestual sincronizado dos comissários de bordo explicando os procedimentos de emergência.
Então olhei aquele papel que fica na poltrona, com as explicações de emergencia. "MK 28" era o modelo do avião. Olhei para a minha mãe e disse, "MK 28 o caramba, esse aqui é o Fokker da TAM!". E olha que quando o bicho ligou as turbinas para valer, o barulho era ensurdecedor. Eu, acostumada com os silenciosos 737 da GOL, fiquei surpresa. Que troço mais barulhento!
Deu tudo certo na decolagem, e entre uma pequena turbulência e outra, começaram a servir o lanchinho. Dai foi uma surpresa boa. A GOL tinha me servido suco e refri e (na cara de pau!) umas bolachinhas que nem enchiam o buraco do dente. Na OceanAir, foi quase uma janta. Uma bandeja com sanduíche, quiche de frango e até doce de abóbora de sobremesa, com direito a refri e suco. Pelo menos no quesito serviço de bordo, a OceanAir ganha da GOL.
Pousamos em Porto Alegre no horário e sem contratempos. Opinião final? Entre a segurança do moderno e silencioso 737 da Gol com suas bolachinhas, e o farto lanche da OceanAir em um duvidoso e barulhento MK28 (antigo Fokker), fico com as bolachinhas. A tripulação da Ocean está de parabéns, até jornal tinha para distribuir, mas nada compensa a insegurança de voar em uma aeronave que te deixa, no mínimo, apreensivo.
Missão cumprida mais uma vez, agora é esperar para ver. Mandem comentários, dúvidas, recclamações, estamos aí! Abraço a todos.
PS > meu passaporte chegou de sedex enquanto eu finalizava esse post. Agora sim, estou de visto na mão!